Consumo de café não aumenta batimentos cardíacos anormais, associados ao risco aumentado do distúrbio mais comum do ritmo cardíaco: a arritmia. É o que mostra um novo estudo, publicado no New England Journal of Medicine na quarta-feira (22).

Os pesquisadores monitoraram corações, atividade e sono de 100 pessoas sem problemas cardíacos subjacentes durante duas semanas. Eles descobriram que o principal marcador de risco cardíaco permaneceu praticamente o mesmo para bebedores e não bebedores.

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Café e coração

Café espresso com coração desenhado na sua espuma
A arritmia comum não é causada ou agravada pela cafeína (Imagem: Weedezign/Getty Images)

Antes de mais nada, o ritmo cardíaco irregular, conhecido como fibrilação atrial, pode levar a coágulos sanguíneos perigosos. Esses, por sua vez, podem causar derrame e insuficiência cardíaca. E café não tem nada a ver com isso.

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A arritmia comum, conhecida como fibrilação atrial, não é causada ou agravada pela cafeína, apesar da crença generalizada entre muitos médicos e pacientes de que o café deve ser evitado nessas condições.

Deepak Bhatt, diretor do departamento de cirurgia cardiovascular no hospital Mount Sinai, em Nova York, para o Wall Street Journal

Há muito tempo, cardiologistas consideram o café como agravante de risco para a saúde do coração em pessoas com problemas de saúde “escondidos”. Isso porque a bebida tem cafeína, estimulante que aumenta a frequência cardíaca. E estadunidenses bebem muito café. Para você ter uma ideia, só em 2022 eles beberam 517 milhões de xícaras de café por dia em 2022, de acordo com a Associação Nacional do Café dos EUA. E 66% dos entrevistados relataram ter bebido café no dia anterior.

Um estudo publicado no Journal of the American Heart Association em 2022 descobriu que beber duas ou mais xícaras de café por dia estava associado ao dobro do risco de morte cardíaca em pessoas com hipertensão grave, em comparação com os que não tomavam café. Mas outra pesquisa mostrou uma associação entre a ingestão moderada de café e um risco reduzido de mortalidade na população em geral. Atualmente, pesquisadores ainda tentam entender as razões subjacentes a esses efeitos.

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O estudo

Fila de café espresso em cafeteira
Pesquisadores monitoraram até quando participantes entravam em cafeterias (Imagem: Michael Menard)

O grupo de 100 voluntários, com idades entre 20 e 70 anos, foi rigorosamente monitorado. Pesquisadores os fizeram usar dispositivos de eletrocardiograma com gravação contínua, que registram sinais elétricos do coração; smartwatches para monitorar contagem de passos e sono; e monitores contínuos de glicose.

Os participantes também baixaram um aplicativo de smartphone que rastreou sua localização para que os pesquisadores soubessem quando tinham entrado numa cafeteria. Além disso, autores do estudo enviaram mensagens de texto, todas as noites, com instruções, informando-os sobre os dias em que poderiam tomar café ou em que dias deveriam evitar a cafeína completamente.

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Os verdadeiros efeitos do café na saúde são complicados. Essa é apenas a natureza da substância que é uma das mais comumente consumidas no mundo.

Gregory Marcus, principal autor do estudo e professor de pesquisa em fibrilação atrial na Universidade da Califórnia, em São Francisco

Para-além da arritmia

Pessoa segurando grãos de café em cima de xícara também com grãos dentro
Estudo constatou que consumo de café afeta número de passos e horas de sono (Imagem: Lukas/PxHere)

Outras descobertas do estudo pintaram um quadro mais misto do impacto do café na saúde. Para começar, as pessoas designadas para beber café registraram 10% mais passos – 10.646 passos contra 9.665 para os que não bebem café – com aumento do conforme bebiam café. Isso é importante porque vários estudos constataram redução de 6% a 15% na mortalidade associada a passos adicionais a cada dia.

Porém, os bebedores de café registraram 35 minutos a menos de sono por noite. A pesquisa aponta para risco de mortalidade significativamente maior para pessoas que não dormem o suficiente. Além disso, o estudo descobriu que os bebedores de café tinham número maior de batimentos cardíacos prematuros (154 contra 102 por dia nos dias sem cafeína). Esse tipo de batimento cardíaco irregular pode contribuir para enfraquecimento do coração se ocorrer em níveis muito mais altos ao longo de vários anos.

Como o risco de contrações atriais prematuras e fibrilação atrial aumenta com a idade, não está claro como as descobertas podem afetar pacientes mais velhos do que aqueles que participaram do estudo. É o que explicou Muhammad Afzal, professor assistente clínico de medicina interna Centro Médico Wexner, em Ohio, que não estava envolvido no estudo. Ainda segundo o professor, com base nos resultados do estudo, pacientes com contrações ventriculares prematuras sintomáticas devem evitar ou minimizar o consumo de café.

Com informações do Wall Street Journal

Imagem de destaque: xtock / Stock da Adobe

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