Em 2022, o CEO da Apple, Tim Cook, afirmava repetidamente que “a maior contribuição” da empresa seria para a saúde mental das pessoas. A companhia já tem o Apple Watch, que oferece recursos para isso, e novos rumores indicam o desenvolvimento do Quartz, um serviço de “coach” de emoções usando Inteligência Artificial (IA). Mas o quanto realmente podemos confiar à Apple nossos dados de saúde?
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Apple e saúde
- Desde o lançamento do Apple Watch, a empresa já coleta ativamente informações de saúde dos seus usuários.
- Isso inclui, por exemplo, dados de movimento, calorias consumidas e queimadas, horas de sono e até gerenciamento de aplicativos.
- Para usá-los, basta o usuário compartilhar seus dados, bem como informações de localização e até batimentos cardíacos com o aparelho.
- O recurso acabou se tornando uma boa alternativa, tanto pela sua integração com demais dispositivos da empresa quanto pelos crescentes valores nos planos de saúde dos Estados Unidos.
- O uso dos dados levantados pelo dispositivo, porém, não é tão bem aceito por médicos e outros profissionais da saúde, como indica um artigo do Financial Times.
- Um dos motivos é que o recurso informa que um usuário não está se movimentando o suficiente, por exemplo, mas não explica os problemas nisso, nem o que ele pode fazer para melhorar.
- Além disso, não há confirmação da maneira com que as informações sejam coletadas e não é possível checar sua veracidade.
- A Apple não é a única que busca ampliar sua atuação na área da saúde: em 2018, a Amazon anunciou a aquisição da PillPack, para entrar na área de medicamentos prescritos, e, em 2022, da One Medical, para integrar com médicos em 2022.
Quartz
O novo serviço de treinamento da Apple soa como uma expansão do que já é oferecido pelo Apple Watch. De acordo com uma reportagem da Bloomberg, ele é “projetado para manter os usuários motivados a se exercitar, melhorar os hábitos alimentares e ajudá-los a dormir melhor” usando “IA e dados de um Apple Watch para fazer sugestões e criar programas de treinamento personalizados para usuários específicos”.
O novo recurso se inspira no LumiHealth, um programa de bem-estar e coaching lançado em 2020 em parceria com o governo de Singapura. A diferença do Quartz em relação a ele é que, enquanto o anterior pagava recompensas para usuários que atingiam as metas de saúde, o novo app deve ser por assinatura.
Repositório de dados de saúde da Apple
O serviço pode ser usado como um repositório de dados de saúde mental e física de usuários da Apple. A partir das informações coletadas e usando IA, o Quartz pode fazer sugestões acerca das emoções, rotina de exercícios, alimentação e sono dos assinantes.
Benefícios para a saúde?
- Para além de todos os recursos de saúde que o Quartz pode oferecer, o aplicativo realmente é benéfico à saúde?
- Enquanto o programa não é lançado e não há uma resposta, fato é que ele irá estimular os usuários a passar ainda mais tempo conectados, o que já foi comprovado como não sendo um hábito saudável.
- Com iniciativas que incluem o “monitoramento de emoções”, por exemplo, o recurso também estimula a digitalização de atividades que poderiam ser simplesmente feitas offline e promoveriam ainda mais qualidade de vida, como frequentar ambientes ao ar livre para relaxar ou anotar sentimentos em um caderno, ao invés de uma tela.
- O aplicativo também envia notificações contínuas e pode não ser realmente benéfico a usuários que tendem a se pressionar por resultados diários ou perdem a atenção facilmente.
- Além disso, apesar do Quartz servir como um repositório de dados de saúde e poder ser apresentado a médicos, essa parcela de profissionais não consegue medir a eficácia dos dados coletados e há pouco aceitação do uso.
Por enquanto, não há confirmação por parte da Apple acerca do “coach de emoções”. O programa deve sair em algum momento em 2024, mas, sem comentários da empresa, ainda pode ser adiado ou cancelado.
Com informações de The Verge e Bloomberg
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