A desconfiança de algo novo é muito comum ao ser humano. Seja na vida pessoal ou profissional, é natural que as pessoas temam o desconhecido — e isso pode ter impactos positivos e negativos, varia de cada um. Mas, pela primeira vez em algum tempo, estamos acompanhando a desconfiança generalizada de milhares de pesquisadores e empresários sobre uma área muito celebrada nos últimos anos: a tecnologia.

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Nos últimos dias, a saída de Geoffrey Hinton do Google reacendeu as discussões sobre o futuro da Inteligência Artificial. O pesquisador, que venceu o Prêmio Turing 2018, foi responsável por construir uma rede neural — sistema matemático que aprende com dados — que foi a base para o desenvolvimento de programas baseados em IA, como o ChatGPT, por exemplo.

Hinton defende que até que não tenhamos bem claro os meios de controlar a tecnologia, as pesquisas sobre o tema devem parar. Dois dos principais receios do pesquisador são que o uso da tecnologia pelas pessoas erradas acelere a disseminação de fake news em todo o mundo e que a tecnologia acabe com algumas funções de trabalho, levando a uma grande onda de desemprego.

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Mas, enquanto uma parte do mundo questiona e debate os avanços da inteligência artificial, outra parte discute a necessidade de regulamentação das redes sociais. Entre os diferentes pontos de vista de pesquisadores, empresas privadas e governo, há um ponto que converge entre eles: ninguém sabe muito bem os impactos dessas tecnologias no longo prazo e é preciso se atentar a isso.

Brasil reflete uma preocupação global

  • O projeto de lei debatido no Brasil sobre a regulação das redes sociais no país reflete um debate que toma conta de todo o mundo.
  • A influência das mídias sociais, controladas pelas big techs, está em xeque há algum tempo e diversas leis e iniciativas surgem em diversos cantos para estabelecer uma nova dinâmica na forma como produzimos (e consumimos) informações nas plataformas de mídias sociais.
  • É o caso, por exemplo, da Lei dos Serviços Digitais (conhecido pela sigla DSA) em vigor na União Europeia desde novembro de 2022.
  • Podemos aprender bastante com os países que estão mais avançados nesse debate. Afinal, compartilhamos o mesmo objetivo: estipular regras claras que atuem diretamente no controle e no monitoramento de conteúdos falsos que circulam na internet.
  • E é aí que os temas de IA e redes sociais convergem: no final do dia, estamos falando sobre produção de conteúdo e sua disseminação pelas novas tecnologias.

O futuro do trabalho

Da mesma forma que a tecnologia pode acabar com alguns empregos, ela também pode atuar diretamente na criação de novos postos de trabalho. Mas isso não acontecerá sem antes gerar impactos econômicos em todo o mundo. Afinal, nem todo trabalhador está preparado para aproveitar ou até mesmo lidar com as inovações que virão, o que pode escancarar ainda mais as diferenças sociais e a necessidade de formação e capacitação das pessoas. E essa é uma das preocupações levantadas por Geoffrey Hinton.

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O estudo “O abismo digital no Brasil”, realizado pela PwC Brasil em parceria com o Instituto Locomotiva, mostra que, embora 81% da população brasileira acima dos 10 anos tenha acesso à internet, somente 20% conta com uma conexão de qualidade. Dados da União Internacional de Telecomunicações mostram ainda que mais de 30% da população mundial não tem sequer acesso à internet.

Quando falamos sobre os impactos do avanço da AI, não falamos só sobre usar a ferramenta para fazer alguma pesquisa na internet, mas, sim, sobre a capacidade de ser usada para aumentar, ainda mais, o abismo digital e social não só no Brasil, como no mundo. Seja na regulamentação das redes sociais ou no avanço da inteligência artificial, o que pesquisadores de diferentes lugares defendem é que é preciso entender os impactos nocivos decorrentes do uso dessas tecnologias na vida e no futuro das pessoas, e como mitigá-los.

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