Um artigo publicado na sexta-feira (12) na revista Science Advances revela que o sistema de anéis de Saturno é bem mais jovem do que os cientistas imaginavam. 

A equipe de pesquisadores chegou à nova estimativa de data de surgimento dessa que é a mais marcante característica do gigante gasoso estudando o acúmulo de poeira ao redor do planeta. 

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Pequenos grãos de rocha viajam pelo Sistema Solar em uma base quase constante, resultando em camadas finas desse material se acumulando em planetas, luas e asteroides. Como quem passa o dedo sobre um móvel que fica muito tempo sem ser limpo, os cientistas analisaram a velocidade com que essa camada de poeira se acumulou ao redor de Saturno.

Pesquisadores descobrem que o sistema de anéis de Saturno é bem mais jovem que o planeta em si. Crédito: Elena11 – Shutterstock

Eles concluíram que o sistema de anéis mais impressionante e famoso da nossa vizinhança não tem mais de 400 milhões de anos. Isso é bem pouco tempo comparado ao próprio planeta, que nasceu junto com os demais quando uma nuvem de gás e poeira ao redor do Sol colapsou há cerca de 4,5 bilhões de anos.

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Conduzir essa investigação não foi tarefa fácil. A equipe liderada pelo astrofísico Sascha Kempf, do Departamento de Física da Universidade do Colorado/Boulder, examinou dados coletados de 2004 a 2017 com o Cosmic Dust Analyzer, um instrumento a bordo da espaçonave Cassini, da NASA, agora aposentada. 

Durante esse período de 13 anos, antes de colidir com a atmosfera de Saturno, a sonda identificou 163 manchas de poeira das proximidades do planeta.

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“Pense nos anéis como o tapete de sua casa”, disse Kempf em um comunicado. “Se você tem um tapete limpo posicionado, você só tem que esperar. A poeira vai assentar no seu tapete. O mesmo vale para os anéis”.

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Anéis de Saturno fascinam cientistas há mais de quatro séculos

Usando medições do acúmulo de poeira nos anéis de Saturno, os pesquisadores estimaram que as estruturas estavam juntando menos de um grama por metro quadrado desse material a cada ano.

Isso revelou que, em comparação com o planeta, os anéis de Saturno são um fenômeno relativamente novo e podem de fato desaparecer em um período equivalente a um piscar de olhos – em termos cósmicos. Tais estruturas estão sendo atraídas pela força gravitacional do gigante gasoso, e os astrônomos não sabem exatamente quanto tempo eles ainda duram até serem totalmente sugados.

Desde sua descoberta em 1610, pelo astrônomo Galileu Galilei, os anéis de Saturno fascinam os cientistas. Esse interesse se intensificou na década de 1800 com a revelação de que eles não são estruturas inteiriças, mas compostos de pequenas partículas individuais.

De lá para cá, de acordo com o site Space.com, foi descoberto que o sistema é formado por sete anéis, que se estendem a cerca de 282 mil km da superfície do gigante gasoso, e contêm pedaços de gelo de tamanhos variados.

Segundo Kempf, a ideia predominante no século 20 de que os anéis teriam nascido junto com Saturno não se sustenta porque eles são “limpos” de qualquer matéria rochosa, sendo compostos por 98% de gelo de água, algo incompatível com o impacto da formação planetária.

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