Enquanto cresce a expectativa em torno da volta da humanidade à Lua por meio das missões Artemis, da NASA, a agência trabalha, paralelamente, em um projeto posterior ainda mais ousado: levar astronautas a Marte até o final da próxima década.

Para fazer o voo de seis meses rumo ao Planeta Vermelho e pousar na superfície marciana até 2040, a tripulação teria que deixar a Terra em 2039, um plano já mencionado anteriormente pelo administrador Bill Nelson e por seu antecessor Jim Bridenstine.

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Imagem ilustrativa de astronautas caminhando na superfície de Marte. Para que essa visão se torne real até 2040, a NASA precisa enfrentar uma série de obstáculos. Crédito: Frame Stock Footage – Shutterstock

No entanto, a NASA considera bastante desafiador tornar essa visão uma realidade nos próximos 16 anos. “Eu diria que essa é uma meta audaciosa para cumprirmos”, disse Jim Reuter, administrador associado da Diretoria de Missão de Tecnologia Espacial (STMD) da agência, na quarta-feira (17) na Cúpula Human to Mars, sediada em Washington, D.C. “Pode parecer muito, mas é bem pouco tempo para desenvolver as tecnologias que precisamos desenvolver”.

Desafios que a NASA precisa cumprir para levar astronautas a Marte

Antes de tudo, uma missão tripulada de pouso em Marte dentro desse prazo exigiria que a base permanente que a agência pretende estabelecer na Lua esteja concluída – algo que depende do andamento das missões Artemis ao longo da década de 2030. 

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A agência planeja usar sua futura estação espacial Gateway, que orbitará a Lua e hospedará suprimentos e, ocasionalmente, astronautas, para executar missões análogas a Marte, que vão funcionar da seguinte forma: os tripulantes vão habitar a Gateway por seis meses (período semelhante a uma viagem de ida ao nosso vizinho), passarão 30 dias na Lua para ensaiar o trabalho no Planeta Vermelho e retornarão à estação, onde permanecerão por mais seis meses para simular a viagem de volta para casa.

Representação artística do futuro posto avançado de Gateway em órbita ao redor da Lua. Crédito: NASA/Alberto Bertolin

Um dos objetivos desse processo é entender como os humanos respondem, por exemplo, às condições de gravidade mínima, usando o primeiro posto avançado fora da órbita baixa da Terra.

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Além disso, a estação espacial passará pelo cinturão de radiação de Van Allen, então as missões espaciais simuladas também serão úteis para testar “tecnologia avançada de proteção contra radiação atualmente em desenvolvimento”, segundo Reuter, que ressalta que esses testes levarão tempo.

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Parcerias comerciais precisam estar alinhadas

Um dos contratos comerciais do Programa Artemis é com a SpaceX, por meio do megacomplexo veicular Starship, o foguete mais poderoso já construído, que servirá de módulo de pouso na superfície lunar.

No entanto, o veículo, que foi escolhido para pousar astronautas perto do polo sul lunar em 2025, não conseguiu alcançar a órbita durante seu lançamento espacial de estreia, ocorrido no início de abril, acionando a autodestruição pouco menos de quatro minutos após a decolagem.

Segundo a empresa, o Ship 25, mais recente protótipo do que pode se tornar o estágio superior de um segundo voo de teste da Starship, foi testado na sexta-feira (19).

“Precisamos que o Starship seja lançado e bem-sucedido para nosso primeiro módulo de pouso”, disse Jim Free, administrador associado da Diretoria de Missão de Desenvolvimento de Sistemas de Exploração da NASA. “É uma boa estrutura contratual em termos de redução de custos, mas ainda precisamos acertar o cronograma”.

De acordo com o site Space.com, a agência está na dependência, também, de outras parcerias comerciais, acadêmicas e industriais contínuas e “estreitamente acopladas”, tanto nos EUA quanto internacionalmente. O Canadá, por exemplo, está construindo um veículo utilitário lunar robótico que poderia “trabalhar de forma autônoma quando a tripulação não está lá, como também pode acompanhar a tripulação”, disse Free.

“Serão necessárias essas parcerias e esse tipo de relacionamento para cumprir esses grandes objetivos audaciosos”, disse Nicola Fox, administrador associado da Diretoria de Missões Científicas da NASA.

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