Astrônomos detectaram, por meio do telescópio James Webb, da NASA, os exemplares mais antigos conhecidos de moléculas orgânicas complexas no universo, conforme revelado por um novo estudo publicado nesta segunda-feira (05), na revista científica Nature.

Para quem tem pressa:

  • Astrônomos detectaram, por meio do telescópio James Webb, da NASA, as moléculas orgânicas complexas mais antigas do universo;
  • Essas moléculas residem em uma galáxia a mais de 12 bilhões de anos-luz da Terra, que se formou quando o universo tinha cerca de 10% de sua idade atual;
  • Esse tipo de molécula pode revelar detalhes importantes da atividade dentro das galáxias;
  • A descoberta foi feita com a ajuda de uma dobra no tecido do espaço-tempo conhecida como lente gravitacional;
  • Os novos resultados do Webb indicam que não é realmente muito difícil para as galáxias produzir moléculas complexas.

Esses produtos químicos – muito parecidos com os encontrados na fumaça e na fuligem da Terra – residem em uma galáxia primitiva que se formou quando o universo tinha cerca de 10% de sua idade atual, de acordo com o estudo.

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Moléculas captadas pelo telescópio

Imagem das moléculas mais antigas do universo captadas pelo telescópio James Webb
(Imagem: J. Spilker / S. Doyle, NASA, ESA, CSA)

As moléculas à base de carbono, tecnicamente conhecidas como hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, são encontradas em depósitos de petróleo e carvão na Terra, bem como na poluição atmosférica.

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As moléculas que encontramos não são coisas simples como água ou dióxido de carbono. Estamos falando de moléculas grandes e flexíveis com dezenas ou centenas de átomos nelas.

Justin Spilker, principal autor do estudo e astrônomo da Texas A&M University, em entrevista ao site Space

Essas moléculas orgânicas complexas são comuns no espaço, onde muitas vezes estão ligadas a minúsculos grãos de poeira. Os astrônomos os investigam porque podem ajudar a revelar detalhes importantes da atividade dentro das galáxias – por exemplo, eles ajudam a influenciar a taxa na qual o gás interestelar esfria.

No entanto, detectar essas moléculas em galáxias muito distantes que se formaram quando o universo era relativamente jovem tem sido um desafio, porque os telescópios eram limitados em sua sensibilidade e no número de comprimentos de onda de luz que monitoravam.

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Avanço na ciência

Telescópio James Webb
Telescópio James Webb, da NASA (Imagem: James Webb Space Telescope)

Agora, usando o novo (e poderoso) Telescópio Espacial James Webb, da NASA, Spilker e seus colegas detectaram essas moléculas numa galáxia conhecida como SPT0418-47, a mais de 12 bilhões de anos-luz da Terra.

Dada a distância extrema de SPT0418-47, a luz que os astrônomos detectaram começou sua jornada menos de 1,5 bilhão de anos após o Big Bang – tenha em mente que o universo tem, atualmente, cerca de 13,8 bilhões de anos.

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A descoberta foi feita com a ajuda de uma dobra no tecido do espaço-tempo conhecida como lente gravitacional. Albert Einstein descobriu que a massa distorce o espaço-tempo, de forma parecida ao jeito que uma bola de boliche esticaria uma folha de borracha ao ser colocada sobre ela.

Quanto maior a massa de um objeto, mais o espaço-tempo se curva ao redor do item e, portanto, mais forte é a atração gravitacional do objeto. A maneira como a gravidade se comporta significa que ela pode dobrar a luz como uma lente, de modo que um poderoso campo gravitacional, como o produzido por um enorme aglomerado de galáxias, pode agir como uma lupa gigante.

Os astrônomos detectaram o recordista anterior das moléculas orgânicas complexas mais antigas usando mais de um dia inteiro de observações do Telescópio Espacial Spitzer da NASA, disse Spilker. Em comparação, usando o James Webb, “só olhamos para esta galáxia por um total de uma hora”, disse ele. “Webb realmente faz com que a procura de moléculas orgânicas pareça muito fácil.”

Importância da descoberta

Telescópio James Webb
(Imagem: James Webb Space Telescope)

Além disso, enquanto os esforços anteriores para detectar moléculas orgânicas complexas em galáxias antigas só podiam dizer se os produtos químicos estavam lá ou não, “a resolução de Webb nos permite ver detalhes reais de onde dentro de uma galáxia as moléculas estão localizadas, em vez de apenas se elas estão ou não lá”, disse Spilker. Em SPT0418-47, a presença dessas moléculas não é uniforme em toda a galáxia, cuja razão ainda não foi explicada.

Em suma, essas novas descobertas sugerem que “é possível que as galáxias se formem em excesso”, disse Spilker.

A galáxia que estudamos já é tão massiva e suas estrelas formaram tanto carbono e oxigênio quanto a nossa própria Via Láctea, embora tenha apenas um décimo da idade. É como um aluno da terceira série que já viveu uma carreira inteira – foi para a faculdade, completou uma carreira de trabalho e depois se aposentou aos oito anos.

Justin Spilker, principal autor do estudo e astrônomo da Texas A&M University, em entrevista ao site Space

Os novos resultados do Webb indicam que não é realmente muito difícil para as galáxias produzir moléculas realmente complexas por meio de toda essa química acontecendo no espaço.

Além disso, os cientistas pensavam anteriormente que essas moléculas orgânicas complexas estavam ligadas à formação estelar. No entanto, os novos dados revelaram que isso nem sempre pode ser verdade – Spilker e seus colegas encontraram muitas regiões com essas moléculas, mas sem formação estelar, e outras com novas estrelas se formando, mas nenhuma dessas moléculas, conforme explicou.

Com informações de Space

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