‘Lucy’: antepassada de 3,2 milhões de anos tem novo segredo revelado

Espécie extinta podia endireitar as articulações dos joelhos e ficar eret como os humanos modernos
Gabriel Sérvio14/06/2023 13h04, atualizada em 15/06/2023 21h58
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Nossa ancestral “Lucy”, de 3,2 milhões de anos, podia ficar de pé e andar ereta, revela uma nova modelagem muscular em 3D. A descoberta sugere que o Australopithecus afarensis — espécie extinta à qual Lucy pertence — não se movia agachada como os chimpanzés.

A pélvis reconstruída e os músculos das pernas do hominídeo também apontam que ela poderia subir em árvores, o que significa que a espécie provavelmente prosperou bem em habitats de florestas e pastagens na África Oriental de 3 a 4 milhões de anos atrás.

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Os músculos de Lucy sugerem que ela era tão proficiente no bipedalismo quanto nós, embora possivelmente também se sentisse em casa nas árvores (…) Ela teria sido capaz de explorar ambos os habitats de forma eficaz

Ashleigh Wiseman , pesquisadora da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, que conduziu o estudo de modelagem

O que você precisa saber

  • Os fósseis de Lucy são os restos de Australopithecus mais bem preservados já desenterrados, com 40% de esqueleto recuperado da região de Hadar, na Etiópia, nos anos 1970. 
  • Seus ossos indicam que ela tinha 1 metro de altura e pesava entre 13 e 42 quilos. 
  • Sua descoberta já apontava para a possibilidade de que os ancestrais humanos pudessem andar eretos muito antes de desenvolverem cérebros maiores.
  • Embora o tecido mole não seja visível no registro fóssil, os cientistas conseguiram recriar a aparência dos músculos da espécie extinta usando humanos modernos (Homo sapiens) como base. 
  • Em um estudo publicado nesta quarta-feira (14) na revista Royal Society Open Science, Wiseman usou modelagem digital para recriar 36 músculos das pernas de Lucy. 
  • A reconstrução mostra que a nossa antepassada podia endireitar as articulações dos joelhos e estender os quadris, sugerindo que a espécie poderia ficar de pé e andar ereta.
 Wiseman usou varreduras de humanos modernos como referência para colocar músculos em um modelo virtual do esqueleto de Lucy.

Modelo muscular 3D da pélvis e pernas de Lucy. Imagem: Dra. Ashleigh Wiseman/Reprodução

O modelo também revela as proporções de gordura e músculos nas pernas de Lucy, mostrando que elas eram muito mais musculosas do que as de um humano moderno. Enquanto uma coxa humana tem cerca de 50% de músculo, a de Lucy provavelmente tinha 74% e menos gordura.

Alguns dos músculos da panturrilha e da coxa ocupavam o dobro do espaço em suas pernas do nos humanos de hoje. Seus joelhos também demonstraram uma maior amplitude de movimento.

O modelo revelou que as pernas de Lucy eram muito mais musculosas do que as de um ser humano moderno.
O modelo revelou que as pernas de Lucy eram muito mais musculosas do que as de um ser humano moderno. Imagem: Dra. Ashleigh Wiseman/Reprodução

Este tipo de locomoção não é visto em nenhum animal moderno, disse Wiseman. “Lucy provavelmente andava e se movia de uma maneira que não vemos em nenhuma espécie viva hoje”.

Vale destacar que a modelagem muscular é um método novo que já auxiliou os pesquisadores a avaliar também a velocidade de caminhada de um Tyrannosaurus rex. Agora, também pode lançar luz sobre características de humanos arcaicos. “Ao aplicar técnicas semelhantes aos humanos ancestrais, podemos revelar o espectro do movimento físico que impulsionou nossa evolução”, conclui Wiseman.

Via: Live Science

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Gabriel Sérvio é formado em Comunicação Social pelo Centro Universitário Geraldo Di Biase e faz parte da redação do Olhar Digital desde 2020.

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