O ciclo do nitrogênio não é bem como você aprendeu na escola, indica novo estudo

Lembra do ciclo do nitrogênio? Uma nova descoberta coloca um mistério sobre o que a ciência conhece desse processo
Por Mateus Dias, editado por Bruno Capozzi 18/06/2023 19h08
Nitrogênio
Nitrogênio (Credito: Peter Hermes Furian/ Shutterstock)
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Uma nova pesquisa mostrou que as áreas do oceano ricas em vida marinha possuem um impacto maior do que se pensava no ciclo do nitrogênio e ureia, importante no nosso ecossistema e no clima.

O nitrogênio é essencial para os seres vivos por estar presente na formação de proteínas, ácidos nucleicos, clorofila e outros metabolismos secundários. Apesar de a atmosfera ser 78% composta de N2, a maioria dos seres vivos não pode retirá-lo diretamente do ar, sendo necessário passar por um complexo ciclo antes de chegar até nós.

Durante o metabolismo do nitrogênio, um produto tóxico é formado: a amônia. Nos ambientes marinhos, esse composto é secretado pelos peixes diretamente para ser diluído e voltar à atmosfera. Já nos animais terrestres, a amônia é secretada por meio da ureia, passa pela amonização (quando em contato com a água do solo) e depois também volta para o ar. Em uma linguagem mais técnica, na amonização, a amônia cai no ambiente e se combina com a água. Como resultado, temos a formação do hidróxido de amônio (NH4OH), que se ioniza e produz o íon amônio (NH4+) e a hidroxila (OH-). 

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Ureia no oceano e na atmosfera

Agora, no novo estudo, os pesquisadores notaram que a principal fonte da ureia vem do oceano. A origem exata ainda é desconhecida, mas o composto acaba percorrendo longas distâncias. E os resultados disso podem ter consequências com o passar do tempo para a produtividade marinha e a estabilidade climática. 

Nossas observações fornecem novos insights sobre as complexas interações entre a atmosfera, o oceano e os ecossistemas. Entender o comportamento e o impacto da ureia na atmosfera é vital para o avanço do nosso conhecimento de como os produtos químicos e substâncias são transferidos através do nosso ambiente e pode nos ajudar a informar estratégias para lidar com as mudanças climáticas.

Emily Matthews, cientista atmosférica e uma das autoras do estudo, em resposta a Phys

Implicações no ciclo do nitrogênio

A presença do composto na atmosfera foi percebida após voos realizados sobre o Oceano Atlântico Norte para medir e conseguir dados detalhados sobre a composição e propriedades dos aerossóis e gases no ar.

Com a descoberta, os pesquisadores apontam que é necessário avaliar as implicações da presença da ureia na atmosfera.

Agora, sabemos que também [o oceano] é uma fonte significativa de ureia na atmosfera durante a maior parte do ano, o que significa que precisamos modificar os processos e fatores envolvidos no ciclo do nitrogênio para explicar a recém-descoberta importância da ureia

Emily Matthews

A explicação para a presença da ureia gasosa na atmosfera ainda é um mistério e mais pesquisas são necessárias para entender como o composto está relacionado com o ciclo do nitrogênio conhecido atualmente.

Estudar como esse processo se dá pode ser importante para entender como acontece o transporte do nitrogênio para regiões distantes e com o solo pobre nesse nutriente.

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Redator(a)

Mateus Dias é estudante de jornalismo pela Universidade de São Paulo. Atualmente é redator de Ciência e Espaço do Olhar Digital

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.