Recentemente, a Agência Espacial Europeia (ESA) divulgou um novo levantamento de dados sobre o gelo marinho ártico e antártico. O relatório é baseado em observações de satélite e abrange um período de 30 anos, de 1991 a 2020. 

Segundo a ESA, o novo panorama ajudará os cientistas a obter maior compreensão dos efeitos das mudanças climáticas nas regiões polares. “Os especialistas do clima usam dados existentes. Eles então voltam para nós e contam o que falta, como detalhes ao longo da costa da Groenlândia”, disse Thomas Lavergne, pesquisador do Instituto Meteorológico Norueguês e líder do projeto apoiado pela Iniciativa de Mudanças Climáticas da ESA. “Agora que fizemos o trabalho, estamos entregando novos dados com maior resolução e mais detalhes”.

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Ainda de acordo com a agência, o resultado traz a imagem mais nítida dos últimos tempos da distribuição de gelo marinho em todo o mundo, proporcionando uma versão avançada e refinada dos dados coletados e retransmitidos pela Eumetsat OSI SAF.

Embora a diferença pareça bem sutil, um maior nível de detalhe pode ser visto ao comparar a imagem de maior resolução (esq.) com o conjunto de dados operados pela Eumetsat OSISAF (dir.). Crédito: ESA

Como os dados sobre o gelo marinho podem ajudar a ciência

Existem vários tipos de gelo na Terra: geleiras alpinas nas montanhas, gelo interior espesso na Groenlândia e na Antártida, além do gelo marinho polar. Gelo marinho é a água do mar congelada que flutua na superfície do oceano. Quando as camadas de gelo derretem, o nível do mar sobe. 

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Lavergne exemplifica tipos de percepções que o conjunto de dados pode oferecer. Segundo ele, o gelo marinho antártico amortece grandes ondas no oceano ao redor do continente. “Se não houver gelo marinho, essas grandes ondas podem atingir a costa e destruir o gelo terrestre”, disse. “É cada vez mais importante ter boas informações sobre o gelo marinho ao redor da Antártica”.

Já na Groenlândia, as ondas não são o maior problema. “O gelo marinho lá é como uma tampa de uma chaleira contendo água quente fervente. Se você remover o gelo marinho, o calor do mar pode escapar. Isso pode produzir muito vapor, o que pode levar a neve ou chuva na Groenlândia”, explicou Lavergne.

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Um maior conhecimento sobre o gelo marinho em torno da Gronelândia pode, consequentemente, dar mais informações sobre a precipitação na área.

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Os cientistas já têm uma boa visão geral das mudanças em grande escala que estão em andamento no Ártico e na Antártida. Segundo Lavergne, os novos dados não fornecem muitas informações adicionais sobre grandes áreas como todo o Ártico ou a Antártica. “Eles são mais focados em informações locais e regionais”.

Os dados confirmam o que já se sabia: o gelo marinho no Ártico vem diminuindo consistentemente, a cada mês do ano. A espessura média do gelo diminuiu de aproximadamente três metros antes de 1980 para cerca de dois metros agora.

Lavergne diz que não está claro se a redução do gelo marinho é uma situação anormal de curto prazo ou se é o início de uma tendência de longo prazo. “O mundo está esquentando. A longo prazo, estamos bastante certos de que haverá menos gelo marinho ao redor da Antártica também, mas não sabemos quão rapidamente isso vai acontecer”.

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