NASA recicla 98% de todo o xixi e suor dos astronautas na Estação Espacial Internacional

Os astronautas recuperaram 98% da água da Estação Espacial Internacional graças a um método que reaproveita o xixi e a transpiração
Flavia Correia26/06/2023 15h29, atualizada em 27/06/2023 21h03
Compartilhe esta matéria
Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Cada tripulante da Estação Espacial Internacional (ISS), segundo a NASA, precisa de quatro litros de água por dia para suprir suas necessidades básicas – um volume que não pode depender apenas de missões de reabastecimento. Por isso, os astronautas aderem à reciclagem para não deixar faltar esse suprimento tão importante.

De acordo com um comunicado divulgado pela agência, eles atingiram uma taxa de recuperação de água de 98%, em um avanço alcançado por um método que reaproveita o xixi.

“Este é um passo muito importante na evolução dos sistemas de suporte à vida”, disse Christopher Brown, membro da equipe científica do Centro Espacial Johnson, que gerencia os sistemas de suporte à vida na ISS. “Digamos que você lance com 100 litros de água. Você perde dois litros, e os outros 98 continuam em uso cíclico. Manter isso funcionando é uma conquista incrível”.

Conheça o sistema de reciclagem de xixi e suor dos astronautas

O marco de recuperação de água foi alcançado pelo Sistema de Controle Ambiental e Suporte à Vida (ECLSS) durante uma demonstração do Conjunto de Processador de Urina (UPA) aprimorado, que recicla a água da urina usando destilação a vácuo.

O ECLSS é composto por um hardware que coleta águas residuais e desumidificadores avançados que capturam a umidade do ar da ISS como resultado da respiração e do suor da tripulação. 

Essa água coletada é enviada para o Conjunto de Processadores de Água (WPA), que então produz água potável.

Quando o elemento UPA destila urina, uma salmoura é produzida como subproduto desse processo, e nela ainda contém alguma água não utilizada. Um Conjunto Processador de Salmoura (BPA) foi adicionado à UPA para extrair esse esgoto remanescente. Enquanto demonstrava suas operações na microgravidade do espaço, foi o BPA que possibilitou ao ECLSS alcançar a meta de 98%.

“Antes do BPA, nossa recuperação total de água estava entre 93% e 94% no geral”, disse a gerente de subsistemas de água da ECLSS, Jill Williamson. “Agora, demonstramos que podemos atingir uma recuperação total de água de 98%, graças ao processador de salmoura”.

Leia mais:

Como as outras águas residuais coletadas, essa produzida pelo BPA é tratada pelo WPA com uma série de filtros especializados e um reator catalítico que decompõe quaisquer vestígios de contaminantes que possam permanecer. 

Os sensores então verificam a pureza da água, enviando o que não atende aos padrões de volta para reprocessamento. O iodo é adicionado à água aceitável para evitar o crescimento de micróbios, e essa água é então armazenada para a tripulação usar em um ponto posterior.

Água mais pura do que a da Terra

Mas, isso quer dizer que os astronautas estão bebendo urina no espaço?. Absolutamente não. A equipe aponta que, na verdade, a água produzida a bordo da ISS é superior ao que os sistemas municipais de água produzem aqui na Terra.

Conforme destaca o site Space.com, o marco de 98% é positivo para futuras missões espaciais, permitindo que os astronautas passem mais tempo na superfície lunar e em expedições tripuladas a Marte.

Já assistiu aos novos vídeos no YouTube do Olhar Digital? Inscreva-se no canal!

Flavia Correia
Redator(a)

Jornalista formada pela Unitau (Taubaté-SP), com Especialização em Gramática. Já foi assessora parlamentar, agente de licitações e freelancer da revista Veja e do antigo site OiLondres, na Inglaterra.