Austrália autoriza uso medicinal de ecstasy e alucinógenos

Psiquiatras estão autorizados a prescrever ecstasy e psilocibina para tratamento de transtornos de estresse pós-traumático e depressão
Alessandro Di Lorenzo03/07/2023 14h29
Ecstasy e psilocibina são aprovados pela primeira vez como medicamentos
Imagem: luchschenF/Shutterstock
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Psiquiatras estão autorizados a prescrever o ecstasy e a psilocibina, psicoativo presente em cogumelos alucinógenos, para o tratamento de transtornos de estresse pós-traumático e depressão resistente a tratamentos convencionais na Austrália. A decisão entrou em vigor neste sábado (1º).

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A TGA, agência australiana dos produtos terapêuticos, que é responsável pelo controle de drogas no país, já havia autorizado o uso clínico dessas substâncias em fevereiro deste ano. O país se tornou um dos primeiros em todo o mundo a autorizar o uso de fungos alucinógenos no tratamento de doenças.

“A decisão reconhece a atual falta de opções para pacientes com doenças mentais específicas resistentes ao tratamento. Isso significa que a psilocibina e o MDMA podem ser usados ​​terapeuticamente em um ambiente médico controlado. No entanto, os pacientes podem ser vulneráveis ​​durante a psicoterapia assistida por psicodélicos, exigindo controles para protegê-los”, afirmou a agência.

Apenas psiquiatras autorizados pela TGA poderão prescrever as substâncias.

Canadá e EUA já permitem o uso de ecstasy e alucinogénicos

  • O Canadá e alguns estados americanos, como o Oregon e o Colorado, autorizaram o uso médico de psilocibina e/ou de MDMA, mas apenas no quadro de ensaios clínicos ou autorizações especiais.
  • Em 2018, a agência reguladora dos Estados Unidos, Food and Drug Administration (FDA), chamou o tratamento com a psilocibina de “terapia avançada”, um rótulo que incentiva o avanço do desenvolvimento de medicamentos que podem tratar condições sérias. No entanto, a Associação Psiquiátrica Americana ainda não aprovou a utilização de psicodélicos em tratamentos.
  • Especialistas americanos e australianos afirmam que mais testes e pesquisas são necessários para comprovar a eficácia desses compostos e seus riscos.
  • “Há preocupações de que a evidência ainda é inadequada e que seguir para serviço clínico é um movimento prematuro; que clínicos incompetentes ou com pouca estrutura podem inundar o espaço; que o tratamento vai ser inacessível para a maioria; que a supervisão formal de treinamentos, tratamentos e resultados de pacientes será mínima ou mal comunicada”, afirmou o dr. Paul Linknaitzky, chefe do Laboratório Clínico Psicodélico da Universidade Monash, na Austrália, em entrevista à Associated Press.

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Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.