Em 2006, a revista Psychosomatics publicou uma matéria sobre um homem, chamado apenas de Sr. A, que tinha tomado 40 mil comprimidos de ecstasy ao longo de nove anos. O artigo fez sucesso e a vítima se tornou uma lenda entre os mais jovens. Coautor da publicação, o Dr. Christos Kouimtsidis resgatou o assunto em entrevista recente e explicou o motivo do caso ser tão atraente mesmo uma década depois.

À revista de moda britânica The Face, Kouimtsidis detalhou como Sr. A iniciou sua relação com os comprimidos de ecstasy e quando tudo fugiu de seu controle.

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No começo, o homem tomava cinco “balas”, como a droga é conhecida no Brasil, por fim de semana. Segundo o psiquiatra, essa dose já é altíssima. Em seguida, a vítima aumentou a dosagem para quase 4 comprimidos de ecstasy por dia e permaneceu assim por três anos, até atingir seu ápice: 25 comprimidos diários por quatro anos.

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“Esse foi um caso excepcional de alto uso por um período prolongado de tempo. O uso típico não é todo dia e nem a quantidade de comprimidos que ele estava tomando. Foi extremo, seu uso foi muito, muito alto”, explicou Kouimtsidis.

Sr. A utilizava outras drogas juntos com ecstasy, incluindo maconha. Essa, porém, ele parou sete anos antes da equipe da St. George’s Medical School, em Londres (Inglaterra), começar a conduzir seu caso. A “bala”, contudo, foi a droga que mais agiu sobre sua memória.

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Comprimidos de ecstasy. Imagem: Shutterstock

“Você não pode dizer 100 por cento”, disse o psiquiatra à revista, “mas podemos atribuir com segurança as dificuldades de memória que ele experimentou quando o vi ao uso pesado de ecstasy por um período prolongado de tempo”.

A interrupção do uso dos comprimidos de ecstasy, acompanhada pela equipe de Kouimtsidis, gerou abstinência no Sr. A, o que ocasionou diversos quadros de sintomas mesmo anos após sua última ingestão da droga.

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Ao todo, a vítima sofreu com visão turva, ataques de pânico graves, ansiedade recorrente, depressão, rigidez muscular, alucinações e paranoia, além de problemas de memória de curto prazo, desorientação temporal e falta de concentração.

E por que o Sr. A usou tanto ecstasy assim? “Era mais para administrar seu humor do que para excitação e diversão… usava ecstasy como se fosse um antidepressivo”, revelou Kouimtsidis.

Sr. A continuou no anonimato e, graças ao estudo da equipe da St. George’s Medical School, conseguiu se curar.

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