VW pode ser processada por comercial com Elis Regina; entenda

Conar abriu processo ético contra a empresa e julgará a reprodução artificial da artista
Por Alisson Santos, editado por Rodrigo Mozelli 11/07/2023 00h21, atualizada em 11/07/2023 20h45
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A Volkswagen trouxe de volta Elis Regina, uma das maiores artistas do Brasil — mais de 40 anos após a sua morte — em saudosa campanha ao lado de sua filha, Maria Rita.

A propaganda emocionou milhares de pessoas, mas a reprodução da imagem de Elis Regina via recursos artificiais também poderá ter resultado negativo.

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O Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) abriu processo ético contra a VW para investigar o comercial que utiliza a imagem da artista para divulgação da marca. Essa decisão foi tomada após diversas pessoas questionarem se é ético trazer alguém de volta à vida via inteligência artificial (IA). Entenda esse processo:

  • A agência responsável pela propaganda é a AlmappBBDO;
  • No Brasil, ainda não há regulamentação definida sobre o uso de IA; mas a reprodução de uma figura pública no formato artificial pode gerar questões de uso de imagem;
  • O processo ético vai analisar se os herdeiros da artista em questão podem autorizar a reprodução de sua imagem em algo que nunca esteve relacionado a ela em vida;
  • Parte do público que questiona a propaganda recorda que Elis e a VW tinham condutas políticas diferentes durante o regime militar.

Elis Regina e a ditadura militar

Muita gente conhece Elis por sua voz inconfundível, mas a gaúcha também tem longo histórico de brigas políticas. Seja por criticar a ditadura em jornais estrangeiros, ou por bater de frente com militares na prisão de Rita Lee, a artista sempre se posicionou claramente contra o regime militar no Brasil.

A Volkswagen foi uma apoiadora declarada do regime militar — e isso levanta diversas discussões sobre respeito à memória da artista. Segundo os admiradores, se Elis estivesse viva, poderia não estar de acordo com a reprodução de sua imagem na propaganda em questão.

Segundo o Conar, o caso será examinado com base no código que autorregulamenta a propaganda no país por meio dos “princípios de respeitabilidade, no caso, o respeito à personagem e existência da artista, e veracidade”. O conselho afirma que o julgamento acontecerá em até 45 dias.

Com informações de Folha

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Alisson Santos
Redator(a)

Alisson Santos é estudante de jornalismo pelo Centro Universitário das Américas (FAM). Atualmente é redator em Hard News no Olhar Digital.

Rodrigo Mozelli é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) e, atualmente, é redator do Olhar Digital.