Reduzir as emissões de gases de efeito estufa é provavelmente o maior desafio da humanidade. Por isso, uma série de acordos entre países foram firmados, e diversos setores também têm se comprometido na luta contra as mudanças climáticas. No entanto, os esforços deixam a desejar quando se trata das Forças Armadas mundiais.
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Atualmente, os exércitos respondem por 5,5% de todas as emissões globais, de acordo com um estudo realizado em parceria pela Scientists for Global Responsibility (SGR) e a Conflict and Environment Observatory (CEOBS).
O setor não está vinculado a nenhum acordo climático internacional: as atividades militares foram deixadas de fora do Protocolo de Kyoto de 1997 e do Acordo de Paris sobre o Clima de 2015. O argumento usado é o de que dados sobre o uso de energia pelos exércitos poderiam minar a segurança nacional.
Nos raros casos em que há divulgação, as informações não são confiáveis ou, na melhor das hipóteses, estão incompletas, segundo cientistas e acadêmicos.
Pressão por mudanças
- Neste cenário, cientistas e grupos ambientalistas têm aumentado a pressão sobre a Organização das Nações Unidas (ONU) para forçar que os exércitos comecem a divulgar dados sobre as emissões provenientes de ações militares.
- Nos primeiros cinco meses de 2023, pelo menos 17 artigos revisados por pares sobre o tema foram publicados, três vezes mais do que em todo o ano de 2022 e número superior aos nove anos anteriores combinados.
- “Nossa emergência climática não pode mais permitir a omissão de emissões militares e relacionadas a conflitos dentro do processo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC)”.
COP28
- A partir de 30 de novembro deste ano ocorrerá a COP28, Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2023, nos Emirados Árabes.
- Na ocasião, serão contabilizadas todas as emissões mundiais para avaliação das metas climáticas propostas no Acordo de Paris de 2015.
- No entanto, segundo Axel Michaelowa, sócio-fundador do Perspectives Climate Group, centenas de milhões de toneladas de emissões de carbono, provenientes de atividades militares, não serão adicionadas ao cálculo.
- Apesar da pressão, a UNFCCC diz que não há planos para alterar as diretrizes sobre o assunto, mas que o tema pode ser discutido no futuro.
Progresso tímido
- Alguns sinais de progresso, entretanto, estão vindo dos próprios militares.
- A Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) criou uma metodologia para que os países membros do bloco divulguem as emissões provenientes de ações militares.
- Já a Casa Branca enviou representantes do Exército e da Marinha dos EUA para a COP27, no Egito, primeira vez que uma delegação do Pentágono participou da cúpula global do clima.
- Outro ponto importante é que o uso de petróleo pelos militares está caindo.
- A Agência de Logística de Defesa dos EUA, que supervisiona a compra do combustível, disse que 84 milhões de barris foram adquiridos em 2022, queda de quase 15 milhões em relação a 2018.
- As emissões em 2022, por sua vez, caíram de 51 milhões de toneladas para 48 milhões.
- As retiradas das tropas americanas do Afeganistão e do Iraque, além da adoção de tecnologias de energia renovável, veículos mais eficientes em termos de combustível, e exercícios militares cada vez menores, contribuíram para o declínio no uso de petróleo.
- O uso mais amplo de drones também pode ter ajudado, segundo avaliação da professora de relações internacionais da Universidade de Oxford, Neta Crawford.
Guerra na Ucrânia aumentou as emissões
- Apesar de todos os dados positivos, a guerra entre Rússia e Ucrânia tem tido papel decisivo no aumento das emissões.
- “A Ucrânia absolutamente trouxe os holofotes para esta questão de uma maneira que outros conflitos não fizeram”, disse Deborah Burton, do grupo ambientalista Tipping Point North South.
- Um relatório estima que os primeiros 12 meses da conflito provocaram um aumento de 120 milhões de toneladas de gases de efeito estufa, o equivalente à produção anual de Cingapura, Suíça e Síria juntas.
Com informações da Reuters.
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