Jogos antigos não são facilmente acessíveis — ao menos não por meios legais. É o que indica um estudo feito pela Video Game History Foundation (VGHF) e pela Software Preservation Network, instituições de preservação de programas de computador e de games.

“87% dos video games clássicos lançados nos Estados Unidos estão em grande risco”, escreveu Kelsey Lewin, diretora da Video Game History Foundation. Ela diz que a maioria dos títulos lançados no passado não estão facilmente hoje em dia, o que dificulta o trabalho de preservação histórica dos jogos.

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O estudo analisou cerca de 4 mil títulos lançados antes de 2010 — data considerada o início da distribuição digital de jogos como algo viável e amplamente adotado — e descobriu que a maior parte deles não pode mais ser jogado com facilidade.

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A maioria desses títulos inacessíveis são jogos pequenos e de baixa popularidade, mas que também têm importância histórica. “A história dos video games é mais do que os campeões de vendas”, escreveu Phil Salvador, da VGHF. “Se quisermos entender e apreciar a história dos video games, precisamos mais do que uma lista de jogos que editoras decidem que possuem valor comercial”, concluiu.

O estudo aponta alguns dados preocupantes em consoles mais antigos. No caso do Game Boy da Nintendo, por exemplo, a VGHF afirma que apenas 25 dos 1.873 títulos lançados nos EUA estão facilmente acessíveis. O número era maior até o começo do ano — mas aí a Nintendo fechou as lojas digitais do 3DS e do Wii U e, assim, dificultou o acesso a 130 games do portátil popular nos anos 1990.

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Game Boy, portátil da Nintendo
Maioria dos jogos do Game Boy, da Nintendo, não são facilmente acessíveis em 2023. Imagem: padu_foto / Shutterstock.com

Emuladores, em si, não são ilegais. Mas o uso de ROMs (como são popularmente conhecidos os arquivos de jogos da era dos cartuchos) pode configurar crime, já que os jogos são protegidos por direitos autorais.

Isso vale, inclusive, para títulos que não são mais comercializados. Ou seja, mesmo que seja tecnicamente possível rodar uma ROM de um título de Game Boy indisponível em plataformas modernas em um emulador, isso pode ser considerado pirataria caso o usuário não tenha uma cópia oficial do game.

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Essa questão é uma das que dificultam a preservação histórica dos jogos. Uma biblioteca pública que queira catalogar jogos antigos vai precisar de cópias originais deles — mesmo daqueles que não são vendidos mais e precisam ser comprados a preços abusivos em sites de leilão.

A solução encontrada por alguns entusiastas é caçar os detentores dos direitos e negociar um relançamento. A Limited Run Games é uma das editoras que faz isso — recentemente, mais de 20 títulos do passado foram anunciados para plataformas digitais pela publisher, que colocará de novo nas lojas alguns jogos clássicos como Tomba! e Gex.

Apesar dos esforços de editoras como a Limited Run Games, a Video Game History Foundation tem dúvidas da eficácia dessas ações na preservação histórica de jogos clássicos. “O que estamos pedindo com nosso estudo é que a indústria de games reconheça que a maioria dos jogos clássicos não pode mais ser comprada,” explicou Salvador. “E o mercado comercial não pode resolver isso sozinho”, concluiu.

Via The Verge

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