Guerra dos chips: além da China, EUA têm “batalha” interna

Casa Branca é pressionada politicamente a aumentar restrições, enquanto indústria de chips diz que as medidas prejudicam a economia dos EUA
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Bruno Capozzi 28/07/2023 14h18
Guerra dos chips entre EUA e China
Imagem: William Potter/Shutterstock
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O governo dos Estados Unidos está sendo pressionado a restringir ainda mais as regras de exportação de chips semicondutores para a China. O pedido, feito por legisladores americanos, ocorre após o lobby da indústria que pede para que as normas não sejam alteradas e em meio ao cenário da chamada guerra dos chips, que faz parte da disputa hegemônica entre Washington e Pequim.

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Pressão política

  • O deputado republicano Mike Gallagher, presidente do comitê da Câmara dos Representantes sobre a China, e o democrata Raja Krishnamoorthi, membro do grupo, enviaram uma carta à secretária de Comércio, Gina Raimondo.
  • Eles cobram que o governo fortaleça ainda mais um amplo conjunto de regras de controle de exportação implementadas em outubro do ano passado que cortaram o acesso de Pequim aos principais chips de inteligência artificial fabricados por empresas dos EUA, como Nvidia e Intel.
  • As normas atuais impõem dois limites nas vendas para o território chinês: um sobre a velocidade com que os chips podem conversar entre si e o segundo sobre as velocidades de processamento dos semicondutores.
  • O objetivo da Casa Branca é impedir o avanço da China na área da inteligência artificial.

Empresas encontram brechas nas regras

  • Após o anúncio das restrições, no entanto, a Nvidia criou chips especiais com velocidades de interconexão mais baixas.
  • A Intel também anunciou o desenvolvimento de produtos que se adequam ao novo regramento imposto pelo governo dos Estados Unidos.
  • O problema é que alguns especialistas afirmam que esses produtos ainda possuem velocidades de processamento altas o suficiente para serem úteis na criação de sistemas de IA pela China.

Discussão abarca questões políticas e econômicas

  • De um lado, as restrições têm se mostrado pouco efetivas e cresce a pressão para que a Casa Branca endureça ainda mais as regras para vencer a batalha tecnológica contra os chineses.
  • Do outro, empresas como a própria Nvida afirmam que o aumento das restrições prejudicaria as vendas e resultaria em uma perda permanente de oportunidades para a indústria dos EUA”.
  • Executivos-chefes da empresa e também da Intel e Qualcomm viajaram a Washington na semana passada para se reunir com funcionários do governo para discutir a questão.
  • No mesmo dia, a Associação da Indústria de Semicondutores dos EUA pediu ao presidente Joe Biden que permita que “a indústria tenha acesso contínuo ao mercado da China, o maior mercado comercial do mundo para semicondutores de commodities”.
  • Por outro lado, a pressão política cobra a Casa Branca aumentar a rigidez da política para “evitar uma engenharia inteligente que contorne os regulamentos”.
  • Os legisladores ainda exigem que o governo americano corte totalmente o acesso das empresas chinesas a chips de computação avançados na nuvem, produzidos por gigantes como Amazon, Microsoft e Alphabet, dona do Google.
  • “Pedimos que fortaleçam ainda mais as regras de 7 de outubro de 2022 para que a tecnologia avançada dos EUA e a experiência relacionada à computação avançada e semicondutores não sejam usadas contra os Estados Unidos”, escreveram Gallagher e Krishnamoorthi.

Com informações de Reuters.

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Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.