Minicérebros vão ser criados no espaço para estudo de doenças neurológicas 

Resultados podem ajudar no avanço da modelagem de doenças e desenvolvimento de novas terapias para tratar distúrbios neurológicos com base nos minicérebros
Lucas Soares02/08/2023 17h41, atualizada em 03/08/2023 21h01
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Pesquisadores da startup de biotecnologia Axonis estão aproveitando a Estação Espacial Internacional (ISS) para melhorar o tratamento de distúrbios neurológicos. A equipe de pesquisa examinará como a microgravidade afeta a maturação de células do cérebro humano em minicérebros.

Esses resultados podem ajudar no avanço da modelagem de doenças e desenvolvimento de novas terapias para tratar distúrbios neurológicos.

A equipe de pesquisa converterá células-tronco pluripotentes induzidas (iPSCs) em diferentes tipos de células cerebrais – neurônios, micróglia e astrócitos – na Terra. Posteriormente, as culturas dessas células serão enviadas para o laboratório em órbita, onde os diferentes tipos de células devem se juntar e formar esferóides tridimensionais, ou minicérebros.

Esses esferóides serão utilizados como modelos para o cérebro, permitindo estudos de modelagem de doenças e testes de medicamentos.

Segundo o cientista-chefe da Axonis, Shane Hegarty, essas auto montagens em 3D são uma abordagem inovadora para o estudo do cérebro humano. Diferente dos organóides, que são células que crescem até formarem um órgão, os minicérebros se auto montam a partir de diferentes tipos de células cerebrais, resultando em uma estrutura mais madura e completa. Além disso, os esferóides podem ser formados a partir de células da pele do próprio paciente, permitindo modelos personalizados que possibilitam tratamentos específicos para cada paciente.

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O potencial dos minicérebros 

Os resultados dessa pesquisa podem não apenas melhorar as terapias para distúrbios neurológicos, mas também acelerar o processo de aprovação de medicamentos, utilizando modelos de doenças em vez de modelos em roedores. 

Além disso, a investigação avaliará como um terapêutico especial alcança as células dentro dos esferóides. A equipe utilizará uma terapia genética especial que consiste em uma proteína fluorescente, que brilha em verde quando é absorvida pelas células. Isso permitirá avaliar a eficácia da terapia em alcançar os neurônios específicos.

O lançamento da missão está programado para ocorrer no dia 1º de agosto, às 21h30 no horário de Brasília. Esta missão contará com mais de 20 cargas úteis patrocinadas pelo Laboratório Nacional da EEI. O estudo pode representar um grande avanço no campo da pesquisa neurológica, possibilitando melhores tratamentos para milhões de pessoas afetadas por distúrbios neurológicos.

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Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.