Gesso contaminou restos das vítimas de Pompeia

O gesso utilizado para preencher os moldes de cinza calcificada da erupção do Vesúvio em 79 d.C. acabou por contaminar os restos mortais
Por Mateus Dias, editado por Lucas Soares 05/08/2023 21h21, atualizada em 05/09/2023 17h24
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Corpos bem preservados da tragédia de Pompeia, na Itália, em 79. Crédito: Matyas Rehak/Shutterstock
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Uma visita a Pompeia possibilita entender um pouco dos horrores vividos pela população da antiga metrópole quando o Vesúvio explodiu em 79 d.C. Estátuas feitas de gesso mostram exatamente a posição e as expressões de pessoas e animais que foram mortos durante a catástrofe. Mas agora, uma pesquisa revelou que o gesso pode ter contaminado os restos mortais e impossibilitado seu estudo.

Quando o vulcão entrou em erupção, as cinzas vulcânicas se calcificaram em torno dos corpos, que depois se decompuseram e formaram moldes que foram preenchidos com gesso séculos depois na década de 1870.

Os corpos sob a alta temperatura (acima de 250˚C) das cinzas deixadas pela corrente piroclástica sofreram um “efeito de forno” e as cinzas “cozidas” deixaram sua impressão digital em uma cavidade, restando apenas ossos para muitos séculos.

Trecho do artigo

Cerca de 100 estátuas de pessoas e animais foram produzidas a partir desses moldes, e alguns dos fragmentos de osso encontrados nessas cavidades foram incorporados a elas. São estes restos mortais que os pesquisadores estão investigando para saber mais sobre a antiga Pompeia, mas alguns deles acabaram sendo contaminados pelo gesso.

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Causa da morte

Segundo Llorenc Alapont, arqueólogo da Universidade de Valência, na Espanha, e seus companheiros de pesquisa, o gesso atrapalha a análise bioquímica dos restos mortais e dificulta definir a exata causa da morte dos indivíduos.

O uso do gesso como consolidante afetou significativamente os perfis elementares de alguns ossos fundidos analisados.

Trecho do artigo

A partir de uma varredura não invasiva de fluorescência de raios-x os pesquisadores conseguiram separar os ossos que estavam menos contaminados pelo gesso, para um estudo posterior ser realizado. 

No entanto, mesmo que o gesso tenha atrapalhado essa análise bioquímica, ele foi fundamental para que outras informações do desastre fossem preservadas, como as posições, expressões, roupas e até mesmo outros objetos que as vítimas estivessem usando. 

Algumas das estátuas de gesso mostram pessoas deitadas no chão tentando se cobrir com roupas, indicando que provavelmente elas tenham morrido asfixiadas pelas cinzas. Mas acredita-se que as pessoas de Pompeia tenham morrido de diferentes formas em diferentes lugares da antiga cidade.

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Redator(a)

Mateus Dias é estudante de jornalismo pela Universidade de São Paulo. Atualmente é redator de Ciência e Espaço do Olhar Digital

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.