Como um salmão e uma ressonância magnética mudaram a ciência
(Foto: greenbutterfly/Shutterstock)
Pesquisadores já fizeram todo tipo de loucura em nome da ciência – algumas delas, inclusive, renderam descobertas revolucionárias. No entanto, quando cientistas submeteram um salmão morto a uma ressonância magnética para verificar a forma que os dados do procedimento eram analisados, eles mal imaginaram que o resultado poderia mudar o campo da neurociência.
A ressonância magnética funcional é uma técnica desenvolvida em 1980 para analisar as diferentes partes do cérebro quando colocadas sob diversos tipos de estímulos.
Durante o procedimento, o paciente fica deitado em um tubo escuro e apertado (a famosa máquina de ressonância magnética), ouvindo a voz de um médico dando instruções sobre o que fazer.
Ao final do exame, a máquina obtém uma espécie de mapa 3D do cérebro, baseado em toda a atividade cerebral durante o processo.
Essa técnica não é invasiva e é segura para a maior parte das pessoas, ajudando a mudar a medicina e a forma com que os profissionais da área estudam o cérebro.
Quem diria que um salmão mudaria a ciência, hein? Imagem: slowmotiongli/Shutterstock
Qual o problema disso
No entanto, há um problema com o exame: a ressonância magnética é direcionada para resolver ou desvendar um tipo de questionamento, normalmente sobre a saúde do paciente. É isso que norteia as instruções ou perguntas feitas pelo médico.
Porém, o resultado depende de análise estatística e também da quantidade de dados coletados. Ou seja, a chance da interpretação da máquina resultar em um falso positivo ou negativo é grande.
Tal fato preocupou o pesquisador Craig Bennett. Segundo o site IFLScience, foi assim que ele resolveu estudar mais sobre o assunto e entender como a análise de dados pode ser mais bem aplicada nos resultados da ressonância magnética.
Enfim, o salmão morto na máquina de ressonância magnética
Para o estudo, Bennett resolveu submeter diversos tipos de objetos (orgânicos, claro) à máquina de ressonância magnética.
Ele chegou a usar uma abóbora e galinhas mortas antes de decidir ousar mais: depois de um tempo, ele e a equipe escanearam um grande salmão do Atlântico morto.
Essa parte é estranha: durante o procedimento, pediram para o animal realizar uma tarefa que envolvia determinar emoções em uma série de imagens de rostos humanos. Ele falhou – afinal, é um peixe e estava morto.
Foi só depois de um tempo que o resultado do exame, que havia sido arquivado, foi reavaliado por Bennet.
Em um post de blog, o pesquisador revelou que se surpreendeu com o que viu: apesar de alguns falsos positivos, o resultado alegou que o salmão (morto) realmente processou as imagens.
Atividade cerebral do peixe morto surpreendeu pesquisadores… mas não foi bem isso que aconteceu (Imagem: Getty Images)
O que isso significa?
O salmão não necessariamente analisou as imagens de verdade. O que a experiência quis mostrar é que há falhas nas interpretações dos resultados de uma ressonância magnética funcional.
Apesar de absurdo, a descoberta levou os pesquisadores a publicar um artigo científico sobre o assunto, alertando para a questão e provocando o campo da neurociência. O trabalho os rendeu um Prêmio Ig Nobel em 2021.
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Esta post foi modificado pela última vez em 11 de agosto de 2023 15:33
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