Um grupo de cientistas se reuniu em Liverpool, na Inglaterra, no fim de julho, para apresentar uma pesquisa revolucionária sobre o comportamento dos múons, pequenas partículas subatômicas que podem fornecer informações importantes sobre a física do Universo

Segundo os autores do estudo, ele abre a possibilidade de existência de uma quinta força da natureza, além das quatro conhecidas (gravidade, eletromagnetismo, força nuclear forte e força nuclear fraca).

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Durante a apresentação, reações variadas foram observadas quando os cálculos começaram a ser demonstrados na tela – muitas delas manifestando preocupação ou dúvida. No entanto, concluídas as análises, os cientistas ficaram animados: a nova medição correspondia exatamente ao que os físicos haviam computado dois anos antes – agora com o dobro da precisão.

Essa nova medição sobre o movimento dos múons foi obtida pela Muon g-2 Collaboration, que conduz experimentos no Fermi National Accelerator Laboratory (FermiLab), um complexo acelerador de partículas instalado no estado norte-americano de Illinois. 

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Com a descoberta, estamos mais próximos de desvendar possíveis segredos do Universo, como a existência de diferentes tipos de matéria e energia ainda não contabilizados – como uma possível quinta força da natureza.

Cientistas desafiam o Modelo Padrão da física

Segundo os autores do estudo, a grande questão está em um número específico que os físicos buscavam entender: o Modelo Padrão, uma teoria que descreve todas as partículas e forças conhecidas na natureza. 

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Embora tenha havido sucesso em muitos experimentos, os pesquisadores acreditam que o Modelo Padrão não conta toda a história, sendo uma teoria incompleta, que não lida bem com conceitos como gravidade, matéria escura e energia escura.

Uma maneira de ir além do Modelo Padrão é estudar os múons, que são partículas instáveis que se comportam como pequenos ímãs. Esses múons têm uma característica chamada momento magnético, representada por “g”. Espera-se que o valor de “g” seja 2, mas a influência de partículas virtuais perturba essa medida.

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No Fermilab, os pesquisadores realizaram um experimento por meio do qual usaram um imenso ímã para investigar os múons. Com uma quantidade significativa de dados, a equipe mediu o valor de “g” com alta precisão, indicando uma discrepância em relação à previsão do Modelo Padrão.

O múon é sensível a todas as partículas que existem, mesmo as que ainda não conhecemos

Hannah Binney, física do Laboratório Lincoln do Instituto de Tecnologia de Massachusetts e coautora do artigo que foi submetido ao Physical Review Letters

Embora os resultados sejam empolgantes, ainda existem debates entre os físicos teóricos sobre a interpretação desses resultados. Alguns métodos de cálculo geram números diferentes, o que mantém a discussão em andamento. Ainda assim, essa conquista experimental está atraindo muita atenção e gerando entusiasmo na comunidade científica.

Os autores dizem que essa descoberta pode abrir caminho para uma nova física ao desafiar o Modelo Padrão. Eles vão continuar refinando as medições em busca de novas respostas. Independentemente do desfecho, essa investigação traz uma melhor compreensão do funcionamento do Universo e motiva os estudiosos a continuar explorando novas ideias e conceitos.

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