Uma classe pouco conhecida de moléculas responsáveis por distinguir o que faz parte do organismo e o que não faz é um caminho promissor para combater a Covid-19. Pelo menos, é o que apontaram pesquisadores num estudo liderado pela Universidade de Oxford, no Reino Unido.

Para quem tem pressa:

  • Uma classe pouco conhecida de moléculas é um caminho promissor para combater a Covid-19, segundo um estudo liderado pela Universidade de Oxford;
  • Essa classe de moléculas é responsável por distinguir o que faz parte do organismo e o que não faz, para evitar que o sistema imunológico ataque células saudáveis;
  • Segundo o estudo, essas moléculas não foram suprimidas pelo coronavírus – o que sugere uma possível resposta imune secreta contra ele;
  • Essa descoberta indica o potencial para vacinas direcionadas, particularmente para indivíduos imunocomprometidos.

O foco da pesquisa, publicada na revista científica Science Immunology e divulgada pelo MedicalXpress, foi a classe de moléculas que impedem o sistema imunológico de atacar células saudáveis. Essas moléculas fazem parte do grupo de proteínas do antígeno leucocitário humano, conhecidas coletivamente como HLA.

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A arma contra a Covid

Ilustração de moléculas do vírus da Covid-19 afetando o cérebro de uma pessoa
(Imagem: iStock)

A família HLA contém várias classes de moléculas, cada uma encontrada em tipos específicos de células.

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Moléculas HLA classe I, por exemplo, estão presentes em quase todas as células nucleadas, enquanto moléculas classe II são encontradas em linfócitos B, células dendríticas e outros tipos celulares.

As proteínas HLA ajudam o corpo a diferenciar entre o que faz parte de si e o que não faz, para evitar ataques autoimunes às células normais.

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Pesquisas anteriores mostraram que o novo coronavírus suprime as proteínas HLA clássicas para evitar a detecção imunológica. Mas os efeitos em todas as classes de HLA permaneceram incertos.

O que importa, neste caso, é: moléculas pouco conhecidas de HLA classe I, especificamente HLA-E, não foram suprimidas pelo vírus. E isso sugere uma possível resposta imune secreta contra ele.

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Como a pesquisa foi feita

Equipe tentando reanimar paciente com Covid-19 no hospital
(Imagem: Rovena Rosa/Agência Brasil)

A equipe de Oxford concentrou-se nas células T CD8+ restritas a HLA-E, um grupo de células T potentes capazes de atingir células infectadas pelo vírus. Essas células T podem ser responsáveis pela rápida recuperação da Covid-19 em alguns indivíduos.

A equipe, liderada pelo dr. Hongbing Yang, analisou amostras de sangue de pacientes com Covid, identificando cinco peptídeos que desencadearam a atividade das células T assassinas restritas ao HLA-E.

O estudo demonstrou que o HLA-E pode iniciar uma resposta imune contra células infectadas com coronavírus, fornecendo novos insights sobre o papel dessa molécula.

Apesar da supressão do vírus causador da Covid-19 às moléculas HLA clássicas, o estudo revelou que o HLA-E permaneceu ativo. Esta descoberta indica o potencial para vacinas direcionadas, particularmente para indivíduos imunocomprometidos.

A pesquisa do dr. Yang oferece uma nova perspectiva sobre o comportamento do complexo HLA durante a infecção pelo coronavírus. E destaca a resposta distinta do HLA-E.

Ao entender como as células T restritas ao HLA-E podem suprimir a replicação viral, os pesquisadores podem criar estratégias para aumentar a atividade dessas moléculas, potencialmente beneficiando aqueles que são mais vulneráveis à Covid-19 grave.

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