Como anúncios do YouTube podem ter violado a privacidade de crianças nos EUA

Google, dono do YouTube, não direciona mais anúncios personalizados em vídeos infantis, mas novo precedente foi aberto
Por Vitoria Lopes Gomez, editado por Rodrigo Mozelli 17/08/2023 21h56
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Imagem: Ground Picture/Shutterstock
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Anúncios no YouTube podem parecer algo aleatório, mas nunca são. Um novo caso mostrou o problema disso: um banco canadense contratou uma empresa para realizar anúncios de um cartão de crédito e veiculá-lo usando IA nos navegadores de possíveis clientes.

No entanto, o Google, dono do YouTube, o reproduziu em vídeos de um canal infantil dos Estados Unidos e todos que clicaram nele tiveram seus navegadores rastreados. Diversas empresas fazem isso e o caso abriu um precedente: quantas companhias de tecnologia estariam coletando informações de crianças no mundo inteiro e violando sua privacidade sem que elas ao menos soubessem?

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Privacidade de crianças vs. anúncios do YouTube

Segundo o The New York Times, o caso abriu precedentes que podem violar uma lei federal de privacidade, que estipula que a coleta de dados de menores de 13 anos deve ser consentida pelos pais.

Antes disso, YouTube e Google já haviam pago multa multimilionária por coletarem informações de crianças ilegalmente. Eles se comprometeram a parar de veicular anúncios personalizados em vídeos destinados ao público infantil.

Já uma análise do The Times deste mês descobriu que a plataforma estava veiculando anúncios (inclusive em canais infantis) que levavam a sites que colocavam rastreadores nos navegadores dos usuários, possibilitando a coleta de dados.

Imagem mostrando usuário abrindo o aplicativo do Youtube
(Imagem: Pexels)

Respostas de Google e YouTube

Direcionar anúncios a vídeos infantis não viola as leis de privacidade, mas coletar dados sim. Em resposta ao jornal, o Google respondeu que a empresa não tem capacidade de controlar a coleta de dados de sites depois que o usuário clica e sai da plataforma do YouTube.

De acordo com a big tech, isso poderia acontecer em um anúncio de um site qualquer que não o YouTube.

Preocupações

  • Ainda, o Google afirmou que deu a opção de as empresas não direcionarem seus conteúdos a crianças. Segundo entrevistados pelo Times, isso não deu resultado na prática;
  • Companhias do setor que falaram ao periódico também revelaram como receberam relatórios do desempenho de seus anúncios em vídeos infantis, pediram a exclusão e depois receberam novos relatórios – do mesmo anúncio em outro vídeo infantil;
  • A preocupação principal é o que pode ser feito com os dados das crianças, já que vendê-los para fins maliciosos seria extremamente fácil.

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Vitória Lopes Gomez é jornalista formada pela UNESP e redatora no Olhar Digital.

Rodrigo Mozelli é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) e, atualmente, é redator do Olhar Digital.