Algumas empresas estão apostando na fabricação de produtos no espaço, entre eles medicamentos e chips semicondutores. Parece ficção científica, mas não é. O espaço oferece um ambiente único para pesquisa e desenvolvimento porque seus níveis mais altos de radiação, microgravidade e estado quase sem vácuo permitem que as empresas criem novos métodos de fabricação ou materiais que não são possíveis na Terra.

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A Estação Espacial Internacional já recebeu vários experimentos de acadêmicos, agências governamentais e até clientes comerciais para o desenvolvimento de tecnologia ligada ao crescimento de tecidos humanos, fabricação de semicondutores e até de novos medicamentos. Nos Estados Unidos, por exemplo, o presidente Joe Biden reservou US$ 5 milhões, quase R$ 25 milhões, para a Nasa realizar pesquisas relacionados ao combate ao câncer no espaço.

Produzindo medicamentos fora da Terra

  • Mas é claro que usar o espaço para fabricar novos produtos não é uma coisa barata.
  • Apesar disso, a demanda tem crescido e várias startups enxergaram uma oportunidade de negócio.
  • Para isso, estão usando fábricas espaciais compactas.
  • É o caso da empresa Varda Space Industries, do sul da Califórnia, como conta reportagem da CNBC.
  • O objetivo dela é ajudar empresas farmacêuticas a melhorar medicamentos ou criar novas terapias aproveitando as propriedades únicas do espaço.
  • A aposta é num fenômeno conhecido como cristalização de proteínas.
  • Compreender a estrutura cristalina de uma proteína pode ajudar os cientistas a ter uma ideia melhor dos mecanismos da doença, identificar alvos de drogas e otimizar o design de medicamentos.
  • Após anos de pesquisa, a empresa descobriu que cristais de proteína cultivados no espaço são de qualidade muito superior aos da Terra.
  • A partir disso surgiu o plano de criar o ingrediente farmacêutico ativo dos medicamentos no espaço.
  • “Você não vai nos ver fazendo penicilina ou ibuprofeno ou esses tipos de metas de consumo de massa muito genéricas, dada a quantidade de cristal que você precisa criar está muito além de nossas capacidades atuais. Mas há um amplo conjunto de medicamentos que fazem bilhões e bilhões de dólares por ano de receita que se encaixam ativamente dentro do tamanho de fabricação que podemos fazer mesmo em nossa fábrica atual”, explicou Delian Asparouhov, cofundador e presidente da Varda Space Industries.

Semicondutores espaciais

  • Outro produto que pode ser fabricado no espaço são chips semicondutores.
  • Em Cardiff, País de Gales, a Space Forge trabalha para criar substratos semicondutores usando outros materiais além do silício para fabricar chips mais eficientes e de maior desempenho.
  • “Esta próxima geração de materiais nos permitirá criar uma eficiência que nunca vimos antes. Estamos falando de uma melhoria de 10 a 100 vezes no desempenho dos semicondutores”, destacou Andrew Parlock, diretor-gerente das operações da Space Forge nos EUA. 
  • Semelhante à Varda, a Space Forge planeja fabricar apenas parte dos chips no espaço.
  • “Uma vez que criamos esses cristais no espaço, podemos trazê-los de volta ao solo e podemos efetivamente replicar esse crescimento na Terra. Portanto, não precisamos ir ao espaço inúmeras vezes para construir uma escala muito boa operando com nossos parceiros e clientes no terreno”, diz Josh Western, CEO e cofundador da Space Forge.

Espaço se tornará uma grande fábrica da Terra?

  • Apesar de já existirem inciativas do tipo, a fabricação de produtos no espaço ainda é muito pequena.
  • No entanto, a previsão de especialistas é que esse mercado cresça, e muito, nas próximas décadas.
  • “Se você olhar para produtos farmacêuticos, semicondutores, produtos de beleza e saúde e potencialmente alimentos no sentido de novas safras, estimamos que o mercado esteja acima de US$ 10 bilhões em algum momento de 2030, dependendo da velocidade de maturação”, afirma Ilan Rozenkopf, sócio da McKinsey, empresa especializada em negócios.

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