Fukushima: Japão define data para liberar água radioativa no oceano

O primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, anunciou que a água da usina nuclear de Fukushima começará a ser liberada na quinta-feira (24)
Por William Schendes, editado por Bruno Capozzi 22/08/2023 12h49
Fukushima
(Imagem: Scan7UR/ Shutterstock)
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Na próxima quinta-feira (24), o Japão começará a liberar a água radioativa da usina de Fukushima, anunciaram as autoridades do país.

Conforme noticiou a CNN, o primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, informou que a liberação seria realizada caso “não encontrassem obstáculos”. De acordo com o ministro, o descarte depende das condições adequadas do tempo e do mar.

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A decisão acontece após a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) das Nações Unidas definir que o plano de liberação das águas não compromete os padrões internacionais de segurança.

Na época, Rafael Grossi, diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), entregou o relatório final favorável à liberação da água ao primeiro-ministro do Japão e disse que as descargas “teriam um impacto insignificante no meio ambiente”.

O diretor também afirmou que os representantes da AIEA estarão presentes em Fukushima para monitorar as descargas nas próximas décadas.

Usina nuclear de Fukushima
Imagem: Santiherllor/Shutterstock

De acordo com a TEPCO, operadora da usina de Fukushima, a água contaminada está sendo diluída e filtrada antes da liberação no oceano, removendo todas as substâncias radioativas, exceto o trítio.

Conforme relatou a BBC, especialistas consideram que a medida não representará perigo:

Desde que a descarga seja realizada conforme o planejado, as doses de radiação para as pessoas serão muito pequenas – mais de mil vezes menos do que as doses que todos recebemos da radiação natural todos os anos.

Jim Smith, professor de ciência ambiental no Universidade de Portsmouth, na Inglaterra.

Como explicou Tony Hooker, especialista nuclear da Universidade de Adelaide, à AFP, o “o trítio foi liberado [por usinas nucleares] por décadas sem evidências de efeitos nocivos ao meio ambiente ou à saúde”.

Países vizinhos preocupados

Mesmo com a aprovação das Nações Unidas e declarações de especialistas, a liberação da água preocupa países vizinhos e pescadores japoneses:

  • Na segunda-feira (21), o presidente do órgão nacional de pescaria do Japão se reuniu com o primeiro-ministro para reforçar que o grupo discorda da liberação. Enquanto isso, manifestantes pediam que o descarte da água fosse suspenso;
  • A medida tem preocupado sul-coreanos, que vêm realizando manifestações contra a liberação e estocando sal marinho por medo de contaminação da água, como relata o TechXplore;
  • A China, que discorda da liberação, já interrompeu parcialmente os embarques de alimentos japoneses e criticou o anúncio;
  • Anteriormente, o Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que o Japão estava tratando o Oceano Pacífico como seu próprio esgoto;
  • Já Hong Kong disse que proibiu a importação de “produtos aquáticos” de 10 regiões japonesas.

Relembre a tragédia nuclear em Fukushima

  • Em 11 de março de 2011, um terremoto de 9 graus na escala Richter resultou na formação de um enorme tsunami que inundou os geradores de emergência da usina nuclear de Fukushima;
  • A grande quantidade água que invadiu o local superaqueceu os reatores nucleares da instalação, causando uma contaminação radioativa em larga escala;
  • Partículas radioativas contaminaram mais de mil quilômetros quadrados na região;
  • Cerca de 18 mil pessoas morreram em decorrência do tsunami e mais de 160 mil precisaram se deslocar da região.

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Jornalista em formação pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Mesmo com alguns assuntos negativos, gosta ficar atualizado e noticiar sobre diferentes temas da tecnologia.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.