Sensor brasileiro com partículas de ouro detecta contaminação na água

Sensor foi desenvolvido por pesquisadores da USP, tem baixo custo, alta eficiência, além de ser sustentável
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Lucas Soares 22/08/2023 14h27, atualizada em 01/09/2023 11h10
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Imagem: New Africa/Shutterstock
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Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) desenvolveram um sensor portátil, fabricado com papel e nanopartículas de ouro sintetizadas por laser. A tecnologia pode facilitar e baratear a produção de dispositivos que permitem identificar, fora do laboratório, compostos químicos presentes em líquidos, incluindo aqueles que podem comprometer a qualidade da água que consumimos.

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Tecnologia barata e acessível

  • Um dos diferenciais do sensor é o baixo custo.
  • O preço unitário é de R$ 0,50 e o sensor descartável pode ser reproduzido em qualquer lugar do mundo, em larga escala.
  • A tecnologia está em processo de patenteamento, segundo informações de reportagem da Agência Fapesp.
  • “Conseguimos fabricar as nanopartículas do dispositivo por meio de uma síntese com laser, retirando do processo a manipulação humana, que eleva o custo de produção. Isso possibilita a fabricação em larga escala. O laser carboniza a superfície do papel, transformando a celulose em carbono e, com uma gota de solução de ouro, forma-se nanomaterial na superfície”, explicou Thiago Regis Longo Cesar da Paixão, coordenador do Laboratório de Línguas Eletrônicas e Sensores Químicos do Instituto de Química da USP.

Sensor é sustentável

  • O estudo foi publicado na revista Sensors & Diagnostics.
  • Segundo os pesquisadores, as nanopartículas de ouro sobre o papel são as responsáveis pela reação eletroquímica que identifica as substâncias presentes no líquido.
  • Elas também melhoram consideravelmente o desempenho em relação àqueles feitos por meio de serigrafia, impressão a jato de tinta, pulverização catódica e desenho a lápis, entre outros, pois garantem mais especificidade na detecção de espécies químicas frente a outras no mesmo ambiente.
  • Outra vantagem é se tratar de um produto sustentável: feito de papelão, pode incluir material reaproveitado e subutilizado e não lança mão de reagentes químicos tóxicos nas reações, ao contrário dos procedimentos mais comuns para a fabricação de sensores.
  • No estudo foi demonstrado que o sensor teve desempenho considerado equivalente ao de dispositivos de custo superior na detecção de hipoclorito, substância utilizada no controle de qualidade de água da torneira e de piscinas, mas que, em quantidades elevadas, pode ser prejudicial.
  • “São dispositivos de uso simples, que podem ser distribuídos em escala governamental para que a população monitore a qualidade de água em sua própria casa e repasse as informações para especialistas, possibilitando a criação de um mapa e, consequentemente, de políticas públicas de controle de qualidade de água”, destaca Thiago Regis Longo Cesar da Paixão.

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Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.