Tijolo de quase 3 mil anos revela DNA de plantas antigas

O tijolo de argila pertenceu a um palácio real em um território que hoje é o norte do Iraque
Por Alisson Santos, editado por Bruno Capozzi 22/08/2023 18h03
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Imagem: Arnold Mikkelsen e Jens Lauridsen
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Um “tesouro” histórico de plantas antigas foi extraído de um tijolo feito de argila de 2.900 anos de idade. Os pesquisadores adotaram uma técnica de análise popularmente utilizada em ossos para analisar o material, e descobriram uma espécie de cápsula do tempo de flora antiga.

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O material pertenceu ao palácio do rei neo-assírio Ashurnasirpal II na antiga cidade de Kalhu, região onde hoje é o norte do Iraque. A idade do artefato foi revelada graças a um escrito em acadiano que diz  “Propriedade do palácio de Ashurnasirpal, rei da Assíria”. 

Segundo o IFLScience, esse tijolo agora faz parte do acervo que integra o Museu Nacional da Dinamarca. Durante um processo de digitalização, em 2020, a equipe descobriu que seria possível extrair o DNA do seu núcleo interno. Entenda como o material sobreviveu por tantos anos:

  • Na época, os artesãos construíam esse tipo de tijolo secando ao sol uma mistura de barro, palha e, às vezes, esterco animal;
  • Por não ter sido exposta ao fogo, essa argila poderia preservar o material genético por longos períodos;
  • Para chegar até esse material, a equipe coletou e sequenciou o DNA, que remonta à criação do tijolo, entre 879 e 869 aC.

“Ficamos absolutamente emocionados ao descobrir que o DNA antigo, efetivamente protegido da contaminação dentro de uma massa de argila, pode ser extraído com sucesso de um tijolo de argila de 2.900 anos”, disse Sophie Lund Rasmussen, primeira autora do estudo.

Ao comparar o DNA extraído com registros botânicos da região, os pesquisadores identificaram 34 grupos taxonômicos diferentes de plantas, incluindo repolhos (Brassicaceae), urzes (Ericaceae), louros ( Lauraceae) e gramíneas (Triticeae).

“Por causa da inscrição no tijolo, podemos alocar a argila em um período de tempo relativamente específico em uma determinada região, o que significa que o tijolo serve como uma cápsula temporal da biodiversidade de informações sobre um único local e seus arredores”, afirma Dr. Troels Arbøll, também primeiro autor. “Nesse caso, fornece aos pesquisadores um acesso exclusivo aos antigos assírios” 

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Alisson Santos
Redator(a)

Alisson Santos é estudante de jornalismo pelo Centro Universitário das Américas (FAM). Atualmente é redator em Hard News no Olhar Digital.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.