Buracos negros supermassivos são mais raros do que se pensava

Pesquisa feita com base em dados do Telescópio Espacial James Webb, da NASA, sugere que existem menos buracos negros supermassivos no cosmos
Flavia Correia24/08/2023 17h22, atualizada em 28/08/2023 21h23
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Uma pesquisa conduzida por cientistas da Universidade do Kansas, nos EUA, trouxe revelações surpreendentes sobre a presença de buracos negros supermassivos no Universo. Segundo o artigo que relata o estudo, aceito para publicação pelo periódico Astrophysical Journal, esses monstros cósmicos são mais raros do que se presumia.

Liderada pela professora assistente de física e astronomia, Allison Kirkpatrick, a abordagem focou na região conhecida como Faixa Estendida de Groth, situada entre as constelações da Ursa Maior e Boötes (ou Boieiro). 

Utilizando o Instrumento de Infravermelho Médio (MIRI) do Telescópio Espacial James Webb (JWST), os cientistas buscaram examinar núcleos galácticos ativos (AGN) – os buracos negros centrais – de galáxias com até 10 bilhões de anos de existência, oferecendo um vislumbre do passado cósmico durante o auge da formação de estrelas.

Apesar da maior potência e sensibilidade do Webb em relação a seus antecessores, poucos AGN adicionais foram detectados desde que o observatório ultramoderno da NASA entrou em operação, em julho de 2022. 

Comparação entre as capturas feitas pelos instrumentos MIPS e IRAC, do Telescópio Espacial Spitzer, da NASA, com a imagem obtida pelo MIRI, do Webb, na mesma região. Crédito: Kirkpatrick et al.

Atividade de buracos negros supermassivos é um mistério para a astronomia

Uma das principais conclusões às quais a equipe chegou foi a escassez de buracos negros supermassivos em crescimento acelerado. Isso desafia as suposições anteriores sobre a taxa de crescimento desses buracos negros e, consequentemente, sobre sua influência nas galáxias hospedeiras. 

A pesquisa destaca que a compreensão atual, baseada principalmente em buracos negros massivos, pode não se aplicar aos buracos negros menores presentes em galáxias como a Via Láctea.

Outro achado intrigante foi a ausência de poeira em muitas dessas galáxias de idade avançada. Anteriormente, acreditava-se que galáxias de menor massa também conteriam quantidades substanciais de poeira devido à formação estelar. No entanto, essa pesquisa traz uma realidade diferente, desafiando as expectativas convencionais.

Kirkpatrick ressalta a importância dessas descobertas para a compreensão da evolução das galáxias, especialmente em relação à Via Láctea. Ela observa que a atividade de buracos negros supermassivos, como os AGN, é um mistério central na astronomia, e compreender seu impacto nas galáxias hospedeiras é fundamental. 

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Flavia Correia
Redator(a)

Jornalista formada pela Unitau (Taubaté-SP), com Especialização em Gramática. Já foi assessora parlamentar, agente de licitações e freelancer da revista Veja e do antigo site OiLondres, na Inglaterra.