Japão começa a despejar água radioativa de Fukushima no oceano

Despejo da água radioativa de Fukushima conta com o aval da ONU, mas é fortemente questionado por pescadores japoneses e pela China
Alessandro Di Lorenzo24/08/2023 11h47
Fukushima
(Imagem: Santiherllor/ Shutterstock)
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O governo do Japão iniciou nesta quinta-feira (24) o processo de despejo no Oceano Pacífico da água radioativa tratada da usina nuclear de Fukushima. O procedimento conta com o aval da Agência Internacional de Energia Nuclear (AIEA), órgão ligado à Organização das Nações Unidas (ONU), mas é fortemente questionado por diversas entidades e até governos de países vizinhos.

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Processo de despejo da água de Fukushima será gradual

  • O início da liberação da água radioativa foi transmitido ao vivo.
  • Dentro de uma sala de controle na usina, um profissional ligou a bomba que vai descartar o material no oceano de forma gradual – no máximo 500 mil litros por dia – por meio de uma tubulação subaquática de um quilômetro.
  • Apesar das críticas, as autoridades japonesas garantem que o procedimento é seguro, uma vez que a água, suficiente para encher 500 piscinas olímpicas e usada para resfriar as barras de combustível da usina de Fukushima, destruída após ser atingida por uma tsunami e um terremoto em 2011, foi totalmente tratada.
  • O governo do Japão ainda afirma que a água foi filtrada para remover a maioria dos elementos radioativos, exceto o trítio, um isótopo de hidrogênio que é difícil de separar da água.
  • E alega que a substância precisa ser liberada para abrir espaço para o descomissionamento da usina e evitar vazamentos acidentais, segundo informações da Tech Xplore.

ONU promete acompanhar efeitos no oceano

  • Em um comunicado nesta quinta, o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica, Rafael Mariano Grossi, disse que “os especialistas da AIEA estão lá no terreno para servir como os olhos da comunidade internacional e garantir que a descarga esteja sendo realizada conforme planejado de acordo com os padrões de segurança da AIEA”.
  • A agência das Nações Unidas também disse que lançaria uma página para fornecer dados em tempo real sobre o despejo do material no oceano.
  • A ideia é que o processo ocorra de forma escalonada, aumentando a quantidade de água liberada nos próximos dias por motivo de segurança.
  • No total, 31.200 serão descartas até o final de março de 2024.

Reações contrárias à liberação da água radioativa

  • O início da operação foi, como esperado, bastante contestado.
  • Grupos de pescadores japoneses temem que a liberação da água radioativa prejudique ainda mais a reputação do país e, por consequência, a venda de frutos do mar.
  • A China, por exemplo, impôs controles de radiação e proibiu importações de dez províncias japonesas.
  • Os chineses representam o maior comprador de frutos do mar do Japão e essas restrições já provocaram uma queda de 30% nas vendas japonesas para a China.
  • Organizações de defesa do meio ambiente também criticam o plano japonês.
  • O Greenpeace, por exemplo, diz que o processo de filtragem é falho e que uma quantidade “imensa” de material radioativo será dispersada no mar nas próximas décadas.

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Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.