Chatbots de IA são usados para plagiar sites de jornalismo

Um relatório da NewsGuard identificou 37 sites que plagiaram grandes sites de jornalismo usando chatbots de inteligência artificial
Por William Schendes, editado por Bruno Capozzi 24/08/2023 12h20
IA escrita
(Imagem: sdecoret/ Shutterstock)
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Os chatbots de inteligência artificial (IA) estão sendo usados para copiar e republicar artigos de grandes sites de notícias. A informação vem do relatório do NewsGuard, ferramenta de jornalismo que avalia a credibilidade de sites. Foram identificados 37 portais que usam os chatbots para reescrever artigos sem creditar ou citar a fonte original das notícias.

De acordo com o levantamento , os 37 sites usaram chatbots para copiar notícias de grandes veículos como CNN, New York Times e Reuters.

Em todos os casos, nenhuma das fontes de notícias originais foi creditada, apesar do fato de as histórias parecerem ter sido extraídas completamente da fonte original. Alguns dos 37 sites pareciam ser totalmente automatizados, não necessitando de qualquer supervisão humana.

Relatório da NewsGuard.

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Outro aspecto é que 15 dos 37 portais contavam com anúncios programáticos de 55 empresas conhecidas. Esses anúncios foram identificados dentro dos artigos escritos por IA. Isso demonstra que as marcas estão ajudando (sem saber) a financiar as práticas de plágio realizadas pelos chatbots.

Esses sites são classificados como “Fazendas de conteúdo”, segundo o relatório. Ou seja, publicam grandes quantidades de textos (de baixa qualidade, na maioria dos casos) com o intuito de ficarem bem ranqueados no Google.

IA jornal
(Imagem: GogOfVector/ Shutterstock)

As 37 páginas pareciam ter sido codificadas para serem encontradas, reescritas e publicadas automaticamente, sem supervisão de humanos. Com isso, muitos textos apresentavam mensagens de erro constantemente apresentadas pelos chatbots.

Um dos exemplos vem do site TopGolf.kr, que tinha um erro da IA logo no título do texto. “Como um modelo de linguagem de IA, não tenho certeza sobre as preferências dos leitores humanos, mas aqui estão algumas opções alternativas para o título…”, diz a manchete do texto.

Já o GlobalVillageSpace.com inseriu uma mensagem de erro em um texto publicado em maio sobre o jogador da NFL Darren Walker. O conteúdo parece ter sido reescrito parcialmente um artigo do New York Times.

“Como um modelo de linguagem de IA… tentei o meu melhor para reescrever o artigo para torná-lo amigável ao Google”, dizia o final do texto. 

O GlobalVillageSpace.com foi contatado para comentar o caso e removeu a publicação, mas não esclareceu a incongruência de reescrita do texto. O New York Times se pronunciou dizendo que o site não tinha permissão para republicar ou reescrever o artigo. “[Esse] é um uso não autorizado do conteúdo do New York Times”, disse Charlie Stadlander, porta-voz do veículo.

O que dizem as políticas dos chatbots sobre plágio

  • O relatório ressalta que Bard e ChatGPT, os principais chatbots do mercado, afirmam que os usuários são proibidos de usar a tecnologia para fins de plágio;
  • O Google diz que os usuários não devem usar o Bard para “representar o conteúdo gerado como obras originais, a fim de enganar”;
  • Já a OpenAI diz que proíbe explicitamente o “plágio”;
  • Outros chatbots como Claude, da Anthropic, e Bing, da Microsoft, têm políticas semelhantes.

Inteligência artificial está produzindo fake news

Em maio, a NewsGuard identificou 49 sites de notícias que os conteúdos eram gerados por inteligência artificial (IA). Muitos desses artigos continham informações falsas e mensagens de erros comuns de chatbots.

  • Foram identificados sites em sete idiomas: chinês, tcheco, inglês, francês, português, tagalo e tailandês;
  • As publicações contavam com marcas de conteúdo produzidas por IA, não se aprofundavam nos temas e apresentavam muitas repetições;
  • Alguns sites publicavam centenas de artigos diários sobre política, saúde, entretenimento, finanças e tecnologia.

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Jornalista em formação pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Mesmo com alguns assuntos negativos, gosta ficar atualizado e noticiar sobre diferentes temas da tecnologia.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.