Ecológicos? 90% dos canudos de papel contêm produtos tóxicos

Segundo estudo, o material usado em canudos de papel é composto de “produtos químicos eternos” - que não se decompõem na natureza
Por Alisson Santos, editado por Bruno Capozzi 25/08/2023 16h57
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Canudos de papel / Imagem: GreenFrog
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Um novo estudo europeu apontou que cerca de 90% dos materiais usados em canudos de papel contêm “produtos químicos para sempre” na tradução literal. Esses produtos são compostos que, na maioria das vezes, quase não se decompõem ou não se decompõem por completo, e podem se acumular nos corpos humanos. Por isso, eles são “para sempre”, ou eternos.

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Essa classe de produtos químicos é chamada de “Forever Chemicals”, e agrupa mais de 12.000 produtos – conhecidos como substâncias poli e perfluoroalquílicas (PFAS). O contato humano com essas substâncias acontece principalmente através de alimentos e água potável, destaca o New Atlas.

Além disso, embalagens de alimentos e sacos plásticos também podem conter PFAS, que acabam muitas vezes sendo transferidos para os alimentos – como o caso dos canudos de papel. Pesquisadores da Universidade de Antuérpia, na Bélgica, analisaram materiais usados na fabricação de produtos como os canudos ecológicos.

Confira os resultados:

  • A equipe testou 39 marcas diferentes de canudos feitos de papel, vidro, bambu, aço inoxidável e plástico e os analisaram para 29 compostos PFAS diferentes;
  • Entre elas, 69% das marcas apresentaram PFAS, sendo 18 tipos diferentes detectados;
  • Em destaque, 90% das marcas de canudos de papel tinham maior propabilidade de conter PFAS.

O ácido perfluorooctanóico (PFOA), é um composto ligado a diversas questões de saúde, como o colesterol elevado, a redução da resposta imunitária, a doenças da tiroide e o aumento do câncer renal e testicular. Esse ácido foi o mais detectado entre as substâncias. Mundialmente, o PFOA vem sendo proibido desde 2020

“Os canudos feitos de materiais vegetais, como papel e bambu, são frequentemente anunciados como sendo mais sustentáveis ​​e ecológicos do que aqueles feitos de plástico”, disse Thimo Groffen, autor do estudo. “No entanto, a presença de PFAS nestas palhinhas significa que isso não é necessariamente verdade.”.

As análises também detectaram ácido trifluoroacético (TFA) e ácido trifluorometanossulfônico (TFMS), algumas PFAS que são altamente solúveis em água e podem ser transferidos para os líquidos.

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Alisson Santos
Redator(a)

Alisson Santos é estudante de jornalismo pelo Centro Universitário das Américas (FAM). Atualmente é redator em Hard News no Olhar Digital.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.