Nos EUA, US$ 799 e US$ 449. Já no Brasil, R$ 7.599 e R$ 5.299. Essa é a discrepância entre preços de modelos mais básicos do iPhone 14 e iPad, respectivamente. Mas a Apple não é a única a enfiar a faca no consumidor brasileiro.

Na loja da Samsung, por exemplo, o Galaxy Z Flip 4 de 128 GB sai por US$ 999 lá, enquanto aqui seu preço beira os R$ 7 mil. Já um Galaxy Tab S8 de 256 GB, que custa US$ 199 em lojas americanas, você encontra por R$ 5.599 por aqui.

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Ao andar (ou navegar) pelas lojas, você já deve ter se questionado por que os preços de smartphones e tablets são tão altos no Brasil. Para te ajudar a entender, o Olhar Digital explica como se determina os preços desses aparelhos, o que influencia esses valores e porque até os produzidos no Brasil são caros.

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Regras do jogo

iPhone 14 e 14 Pro lançados no Brasil terão bandeja para cartão nano SIM
Na conversão direta do dólar, iPhone 14 Pro e iPhone 14 sairiam, respectivamente, por R$ 5 mil e R$ 4 mil (Imagem: Divulgação)

Se fôssemos converter de dólar para real os preços dos aparelhos citados, as cifras ficariam entre R$ 1.016 e R$ 5.104. Mas na hora lançar esse tipo de produto (tecnológico, importado) no mercado brasileiro, o buraco é mais embaixo. Ou seria mais acima?

Além do valor baixo da nossa moeda em relação à estadunidense, existe um pacote graúdo em cima do preço final dos smartphones e tablets. Ao abri-lo, você encontra tijolos de concreto com siglas carimbadas. Já nas laterais do pacote, lê-se impresso em letras garrafais: impostos.

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iPad 10ª geração na horizontal sobre uma mesa com caneta do lado
Com valor alto do dólar e tributação pesada, iPad 10ª geração sai 130% mais caro (Imagem: Trusted Reviews)

Como resultado, o preço final do iPad 10ª geração, por exemplo, sai 130% mais caro que o valor pela conversão direta. Já o iPhone, 14, 86% mais salgado. Ou seja, um trabalhador que recebe um salário mínimo precisaria ralar por seis meses, sem gastar um centavo, para ter o iPhone do momento: três para pagar o valor do dólar e outros três para cobrir a tributação em cima do dito cujo.

Aliás, o Brasil é o segundo país que mais cobra pelo celular da Apple, revelou uma pesquisa realizada pela HelloSafe, em 2022. No levantamento, que mapeou o preço do smartphone em 31 países, o pódio foi: Turquia (R$ 9.544), Brasil (R$ 7.599) e Suécia (R$ 6.587). Já na lanterna, ficaram: Canadá (R$ 4.925), Japão (R$ 4.889) e EUA (R$ 4.666).

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Impostos, impostos e mais impostos

Duas mãos segurando iPhone 14
Graças à carga tributária brasileira e desvalorização do real, país é o segundo que mais cobra pelo iPhone 14 (Imagem: Divulgação)

A carga tributária brasileira é fominha. Ao encarar, provavelmente incrédulo, o preço do iPhone 14, saiba que os impostos mordem aproximadamente 40% do valor – no celular da Apple em questão, R$ 3.039. Atualmente, os impostos sobre fabricação e venda de celulares e tablets no Brasil são:

  • ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços);
  • PIS (Programa de Integração Social);
  • Cofins (Contribuição para Financiamento da Seguridade Social);
  • II (Imposto sobre Importação);
  • IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados).

Ainda usando o iPhone 14 como exemplo, a abocanhada se distribui assim, segundo a pesquisa da HelloSafe:

  • Impostos federais: 8,37%;
  • Impostos de importação: 14,78%;
  • Impostos estaduais: 18%.

Outro fator para determinar o preço final desse tipo de aparelho – fechado em dólar, para o nosso azar – é a própria cadeia de produção. Isto é, o custo para fabricá-los. Isso ficou mais escancarado na crise dos chips, durante a pandemia. Além de mais caros, produtos sumiram das vitrines tanto físicas quanto virtuais.

Nem produzir no Brasil alivia

Tablet da Multilaser
Mesmo aparelhos produzidos no Brasil, como tablets da Multilaser, têm preços salgados (Imagem: Divulgação)

Smartphones e tablets de marcas como Apple, Samsung e Xiaomi são importados. Ou seja, vem de outros países para cá. Já aparelhos da Positivo, Multilaser e Gradiente, por exemplo, saem fresquinhos de linhas de produção brasileiras. Mesmo assim, têm preços salgados.

Antes de mais nada, você precisa visualizar esse tipo de aparelho como conjuntos de pecinhas, embalados por carcaças, para entender porque isso acontece. Nas linhas de produção, máquinas e operários juntam tudo isso. Mas as partes, em si, vem de fora. E, para comprá-las, paga-se em dólar.

Em suma, isso quer dizer: quanto mais caro o dólar, mais caro fica a fabricação dos aparelhos, seja onde for. Além disso, indústrias alocadas no país têm de lidar com um mundaréu de outros fatores, como logística, risco-Brasil e, claro, impostos. Quem paga esse pato, quase no sentido literal da coisa, é o consumidor. Sempre é.

Fontes: Money Times, Seu Direito e UOL Economia

Imagem de destaque: Divulgação / Montagem: Pedro Spadoni/Olhar Digital

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