Nova descoberta pode mudar tudo o que sabemos sobre funerais do passado

Vasos cerâmicos encontrados juntos de uma cova indicam que os povos neolíticos possuíam ritos funerários mais complexos do que se pensava
Por Mateus Dias, editado por Lucas Soares 29/08/2023 08h23, atualizada em 29/08/2023 10h25
Fragmento de osso encontrado na Galería del Sílex, na Espanha (Crédito: Molina-Almansa et al., Quaternary Science Reviews, 2023)
Fragmento de osso encontrado na Galería del Sílex, na Espanha (Crédito: Molina-Almansa et al., Quaternary Science Reviews, 2023)
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Evidências de práticas funerárias que datam do Neolítico foram encontradas por arqueólogos na Galería del Sílex, nas montanhas de Atapuerca, na Espanha. A descoberta consiste em vasos de cerâmica enterrados juntos a restos humanos em duas covas e muda o que sabemos sobre as pessoas que viveram na região durante o período.

Até então, poucos vestígios de rituais funerários que datam do início do Neolítico foram encontrados na Espanha. Os humanos que viviam na região durante o período eram nômades, deixando poucas evidências dessas práticas para trás. 

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Restos humanos em cavernas

Em Portugal, Andaluzia e na França, alguns restos humanos foram encontrados em cavernas, provavelmente depositados durante alguma passagem pelo local. Enquanto na Espanha, quando os indivíduos começaram a se assentar em uma mesma área, os sepultamentos geralmente ocorriam no solo

No entanto, os novos achados na Galería del Sílex, publicados na revista Quaternary Science Reviews, indicam que a caverna era provavelmente utilizada para ritos funerários desde o Neolítico Inferior à Idade do Bronze. O local é uma gruta com pinturas murais e gravuras rupestres, com fragmentos de restos faunísticos, restos humanos e cerâmicas.

A cerca de 300 metros da entrada da caverna existem duas covas, onde inúmeros indivíduos foram enterrados, e até então, associados à Idade do Bronze. Mas vasos cerâmicos que datam do Neolítico foram encontrados juntos dos restos mortais, levando os arqueólogos a fazerem uma reavaliação.

A datação de radiocarbono dos ossos dos indivíduos em uma das covas revelaram que uma das ossadas realmente era da Idade do Bronze, tendo vivido por volta de 1880-1690 a.C. mas as outras três eram do Neolitico Inferior, datando entre 5307 e 4897 a.C.

A posição como os indivíduos foram encontrados e a localização das covas longe da entrada fizeram os pesquisadores acreditarem que os enterros foram intencionais com práticas funerárias mais complexas do que se esperava para a época.

Havia apenas duas cavernas conhecidas nesta área com restos humanos do Neolítico Inferior. Em ambas as cavernas, restos humanos apareceram em contextos domésticos, sugerindo que não havia nenhum lugar especial reservado para o enterro dos seus mortos.

Trecho da pesquisa

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Redator(a)

Mateus Dias é estudante de jornalismo pela Universidade de São Paulo. Atualmente é redator de Ciência e Espaço do Olhar Digital

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.