Cerca de metade dos pacientes com metástase cerebral têm algum comprometimento cognitivo. Mas a ciência ainda não sabe ao certo qual a explicação para este cenário. Agora, um estudo publicado na Cancer Cell pode apontar a resposta. Segundo os pesquisadores, a metástase cerebral “hackeia” a atividade do cérebro.

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Metástase interrompe a comunicação neuronal

  • Os responsáveis pelo estudo descobriram que, quando o câncer se espalha no cérebro, ele altera a química e interrompe a comunicação neuronal.
  • Os pesquisadores mediram a atividade elétrica dos cérebros de camundongos com e sem metástases e observaram que os registros dos dois grupos de animais com câncer eram diferentes entre si.
  • Para ter certeza de que essa diferença era atribuível a metástases, eles recorreram à inteligência artificial.
  • Eles, então, treinaram um algoritmo com inúmeros registros eletrofisiológicos, e o modelo foi capaz de identificar a presença de metástases.
  • O sistema ainda conseguiu distinguir metástases de diferentes tumores primários: câncer de pele, pulmão e mama, segundo informações da Medical Xpress.
  • Esses resultados mostram que a metástase realmente afeta a atividade elétrica do cérebro de uma maneira específica, deixando assinaturas claras e reconhecíveis.
Metástase pode interromper comunicação entre neurônios (Imagem: Yurchanka Siarhei/Shutterstock)

Outros efeitos

  • Além de registrar mudanças na atividade elétrica cerebral na presença de metástase, os pesquisadores começaram a explorar as mudanças bioquímicas que podem explicar essa alteração.
  • Ao analisar os genes expressos nos tecidos afetados, eles identificaram uma molécula, EGR1, que pode desempenhar um papel importante nesse processo.
  • Esta descoberta abre a possibilidade de projetar uma droga para prevenir ou aliviar os efeitos neurocognitivos da metástase cerebral.
  • “Nosso estudo multidisciplinar desafia a suposição até então aceita de que a disfunção neurológica, que é muito comum em pacientes com metástase cerebral, se deve exclusivamente ao efeito de massa do tumor. Sugerimos que esses sintomas são consequência de alterações na atividade cerebral decorrentes de alterações bioquímicas e moleculares induzidas por tumores. Esta é uma mudança de paradigma que pode ter implicações importantes para o diagnóstico e estratégias terapêuticas”, explica Manuel Valiente, chefe do Grupo de Metástases Cerebrais do Centro Nacional de Pesquisa do Câncer da Espanha (CNIO).

Próximos passos

  • Os pesquisadores agora querem analisar o estado cognitivo de pacientes com metástase cerebral de forma muito mais sistemática.
  • Isso pode garantir novos diagnósticos para tumores cerebrais.
  • Outro objetivo é encontrar drogas que protejam o cérebro de interrupções induzidas pelo câncer em circuitos neuronais.

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