IA: amiga ou inimiga do meio ambiente?

O treinamento de modelos de IA gera grandes quantidades de dióxido de carbono e acende um alerta sobre os impactos ao meio ambiente
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Bruno Capozzi 04/09/2023 12h20
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Imagem: metamorworks/Shutterstock
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O avanço da inteligência artificial pode trazer impactos ao meio ambiente. Estudos indicam que, até 2025, a indústria de TI poderá usar 20% de toda a eletricidade produzida e ser responsável por até 5,5% das emissões de carbono do mundo. Esse cenário desperta preocupação e discussões sobre o uso sustentável da IA.

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IA e as emissões de carbono

  • Em 2019, pesquisadores da Universidade de Massachusetts Amherst, nos Estados Unidos, treinaram vários modelos de linguagem grandes (LLMs) e descobriram que um único modelo de IA pode emitir uma quantidade de dióxido de carbono (CO2) equivalente a cinco carros ao longo de sua vida útil.
  • Um estudo mais recente do Google e da Universidade da Califórnia, em Berkeley, relatou que o treinamento GPT-3 resultou em 552 toneladas métricas de emissões de carbono, o equivalente a dirigir um veículo de passeio por 2 milhões de quilômetros.

Futuro da tecnologia exigirá ainda mais energia

O modelo de última geração da OpenAI, GPT-4, é treinado em cerca de 570 vezes mais parâmetros, o que significa maior emissão de gases de efeito estufa, e o aperfeiçoamento da tecnologia deve causar cada vez mais impacto ao meio ambiente, segundo informações da Tech Xplore.

“Podemos utilizar a IA de maneiras que melhorem os requisitos climáticos ou podemos ignorar os requisitos climáticos e nos encontrarmos enfrentando as consequências em uma década ou mais em termos de impacto”.

Arun Iyengar, CEO da Untether AI

A criação de ferramentas de IA generativa pode ser dividida em dois estágios principais, o “treinamento” real e, em seguida, a execução (ou “inferência”).

“A inferência será ainda mais um problema agora com o ChatGPT, que pode ser usado por qualquer pessoa e integrado à vida diária por meio de aplicativos e pesquisas na web”.

Lynn Kaack, professora assistente de ciência da computação na Hertie School, em Berlim
Avanço da IA pode impulsionar emissões de dióxido de carbono (Imagem: 3rdtimeluckystudio/Shutterstock)

A promessa da neutralidade energética

As grandes empresas responsáveis pela IA dizem estar comprometidas na busca por uma maior eficiência energética. A Amazon, por exemplo, promete ser neutra em carbono até 2040, enquanto a Microsoft se comprometeu a atingir esse patamar até 2030.

Entre 2010 e 2018, o uso global de energia de data centers aumentou apenas 6%, apesar de um crescimento de 550% nas cargas de trabalho e instâncias de computação, de acordo com a Agência Internacional de Energia.

Alguns magnatas do Vale do Silício usam esses dados como base para minimizar qualquer tipo de preocupação em relação ao impacto ambiental da IA.

“No futuro, haverá um modelo minúsculo que fica no seu telefone e 90% dos pixels serão gerados, 10% serão recuperados, em vez de 100% recuperados – e assim você economizará (energia)”.

Jensen Huang, CEO da Nvidia

Outros defendem que a própria inteligência artificial será capaz de enfrentar as mudanças climáticas.

“Isso ilustra o quão grande devemos sonhar… Pense em um sistema onde você possa dizer: Diga-me como fazer muita energia limpa barata, diga-me como capturar carbono de forma eficiente e me diga como construir uma fábrica para fazer isso em escala planetária”.

Sam Altman, CEO da OpenAI

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Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.