Mapa do campo magnético da galáxia 9io9. Crédito: ALMA (ESO/NAOJ/NRAO)/J. Geach et al.
Um artigo publicado nesta quarta-feira (6) na revista Nature descreve uma conquista fascinante na astronomia: os pesquisadores responsáveis pelo estudo acabaram de medir o campo magnético mais distante até agora, localizado a cerca de 11 bilhões de anos-luz da Terra.
Isso foi possível pela análise da luz emitida por uma galáxia chamada 9io9, que aparece como era apenas 2,5 bilhões de anos após o Big Bang. O mapeamento de suas linhas deve ajudar os astrônomos a entender como as galáxias giram os campos magnéticos gigantes que as atravessam e as cercam na infância do Universo.
“Muitas pessoas podem não estar cientes de que toda a Via Láctea e outras galáxias estão repletas de campos magnéticos, abrangendo dezenas de milhares de anos-luz”, diz o astrofísico James Geach, da Universidade de Hertfordshire, no Reino Unido, ao site Science Alert. “Esta descoberta nos dá novas pistas sobre como os campos magnéticos em escala galáctica são formados”.
O magnetismo da Terra é gerado pela dispersão de fluidos em seu interior, por exemplo. Acredita-se que os campos magnéticos galácticos sejam gerados de maneira semelhante. Conforme a galáxia gira, o gás carregado dentro dela também gira. Esse movimento mantém o magnetismo galáctico, que é muito mais fraco do que o da Terra ou do Sol.
Não se sabe, no entanto, a origem dos campos magnéticos galácticos. Eles seriam criados a partir de um processo de fora para dentro, herdados do Universo mais amplo onde se formam? Ou emergem de um processo de dentro para fora, com o material que se forma na galáxia gerando o magnetismo que então a permeia? A descoberta na galáxia 9io9 dá algumas pistas a respeito.
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A galáxia 9io9 foi ampliada pela presença de uma massa de primeiro plano que dobra o espaço-tempo, permitindo que Geach e seus colegas medissem a polarização de sua luz. É quando o comprimento de onda da luz se torna fortemente orientado em uma direção particular à medida que viaja através de um campo magnético.
Com base na análise da luz, os cientistas notaram que o fluxo magnético de 9io9 era semelhante aos de galáxias próximas. Ele mostrou uma força comparável a 500 microgauss ou menos, o que o torna cerca de mil vezes mais fraco do que o da Terra.
Isso sugere que sua formação se deu de forma rápida, enquanto a galáxia ainda estava crescendo, o que significa que os campos magnéticos galácticos são fortemente ligados ao material formador novas estrelas.
A equipe acredita que a formação estelar – muitas vezes ocorrendo a uma taxa furiosa no início do Universo – pode ajudar a acelerar o crescimento e o desenvolvimento de campos magnéticos galácticos. Por sua vez, os campos magnéticos podem então influenciar a formação estelar subsequente.
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Esta post foi modificado pela última vez em 7 de setembro de 2023 21:21