Canhão de navio do século 14 pode ser o mais antigo da Europa

O canhão foi encontrado em 2001, na Suécia, mas um estudo recentemente realizado revelou o quão antiga é a arma
Por Mateus Dias, editado por Lucas Soares 19/09/2023 09h12
A datação de radio carbono de tecidos encontrados no canhão relevou que ele é do século 14
A datação de radio carbono de tecidos encontrados no canhão relevou que ele é do século 14 (Credito: Bo Niklasson/Museu Bohusläns)
Compartilhe esta matéria
Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Em 2001, um canhão foi encontrado no mar na costa da Suécia, agora um novo estudo analisou pedaços de tecido encontrados no objeto e descobriram que ele pode ser o canhão de navio mais antigo já encontrado na Europa.

O canhão estava a cerca de 20 metros de profundidade quando foi encontrado e a cerca de 5 quilômetros da ilha de Marstrand, na costa oeste da Suécia. A datação de radiocarbono dos tecidos, que podem ser os restos de um saco de pólvora, indicam que ele é do século 14.

A análise também revelou que o objeto estava carregado e pronto para ser usado a qualquer momento, dando indícios de que era usado como um canhão naval e não como um armamento que estava sendo transportado para ser utilizado em terra.

O canhão tem aproximadamente 47,5 centímetros de comprimento, com um formato de funil, onde a parte mais fina era uma câmara de pólvora, e a mais larga, medindo 18,5 centímetros de diâmetro, era onde a munição era lançada. Ao invés de bolas de metal, como atualmente conhecemos os canhões, esse achado atirava pedras contra os inimigos. 

A intenção não era afundar um navio inimigo. Essas armas eram armas ‘antipessoal’ – eram usadas simplesmente para ‘limpar o convés’ de um navio inimigo.

Staffan von Arbin, doutorando de arqueologia e principal autor do estudo, em resposta ao LiveScience

Segundo os arqueólogos marinhos por trás do estudo recentemente publicado na revista The Mariner’s Mirror, o canhão estava sendo utilizado provavelmente em algum navio que naufragou após atingir o recife de Kleningen, a algumas centenas de metros do local. Mas a possibilidade dele ter sido afundado por outro navio também não é descartada. Ainda não se sabe se o objeto era usado em um navio mercante ou de guerra, mas acredita-se que explorar o local onde a arma foi encontrada pode revelar sua origem.

Leia mais:

Material do canhão

Além da datação por radiocarbono, os pesquisadores também realizaram uma espectrometria de massa com plasma indutivamente acoplado (ICP-MS) no corpo metálico do canhão. Essa técnica ioniza uma pequena amostra do material e analisa o gás resultante.

Acreditava-se que essa análise indicaria que o canhão foi feito de uma liga metálica resistente, como o bronze, formado por cobre, estanho com um pouco de zinco e níquel para fazê-lo durar mais. No entanto, ela revelou que ele foi produzido a partir de uma liga feita por cobre e chumbo, e uma quantidade relativamente pequena de estanho.

Essa liga é relativamente frágil e inadequada para a produção de armas, fazendo os pesquisadores pensarem que ela tenha sido utilizada devido à falta de conhecimento de ligas metálicas melhores no século 14.

Os canhões daquela época, eram equipados com carrinhos de madeira para poderem ser apontados. Agora espera-se que novas buscas na costa da Suécia encontrem essa peça do canhão ou o navio a qual ele pertencia, para que uma análise dos anéis de crescimento das árvores na madeira revele quando e onde ele foi produzido.

Já assistiu aos novos vídeos no YouTube do Olhar Digital? Inscreva-se no canal!

Redator(a)

Mateus Dias é estudante de jornalismo pela Universidade de São Paulo. Atualmente é redator de Ciência e Espaço do Olhar Digital

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.