Ondas de calor intensas persistem por muito mais tempo no oceano profundo

Cientistas examinaram os impactos das ondas de calor em águas mais profundas, no que representa a primeira tentativa de analisar a questão
Flavia Correia19/09/2023 16h33, atualizada em 21/09/2023 21h19
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Impulsionadas pelas mudanças climáticas, as ondas de calor estão se tornando mais longas e intensas em águas mais profundas, ameaçando espécies marinhas sensíveis. Desde o início da era industrial, os oceanos já absorveram 90% do excesso de calor proveniente da poluição de carbono promovida pela atividade humana.

Essas informações fazem parte de um estudo publicado nesta segunda-feira (18) na revista Nature Climate Change, segundo o qual isso pode afetar particularmente espécies que não podem se mover para escapar de águas excessivamente quentes, como corais e florestas de algas marinhas na Austrália e no Pacífico.

Os pesquisadores examinaram os impactos das ondas de calor em águas mais profundas, no que representa a primeira tentativa de analisar essa questão. Até agora, os cientistas tinham se concentrado principalmente na superfície oceânica.

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Usando observações e modelagem no local, os autores do novo estudo investigaram ondas de calor marinhas de 1993 a 2019, englobando dados de até dois mil metros abaixo da superfície. 

Eles descobriram que a intensidade era maior entre 50 e 200 metros de profundidade, ocasionalmente chegando a ser 19% mais forte do que na superfície. Além disso, essas ondas persistiram por até dois anos após o retorno das temperaturas superficiais normais.

Os cientistas analisaram uma medida proxy de estresse térmico conhecida como intensidade cumulativa e compararam com a distribuição da biodiversidade nos limites máximos de calor para ver áreas onde as criaturas marinhas são potencialmente mais vulneráveis a mudanças. Eles descobriram que essas condições de alto estresse se sobrepuseram em até 22% dos oceanos de forma global.

A variabilidade regional das ondas de calor marinhas e as diferentes condições oceânicas  tornam complexa a medição da exposição da biodiversidade. No entanto, a pesquisa conseguiu determinar que o impacto na biodiversidade é provavelmente maior desde a superfície até uma profundidade de 250 metros.

Por fim, as maiores porções oceânicas classificadas como altamente expostas foram encontradas no Atlântico Norte e no Índico, em profundidades entre mil e dois mil metros.

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Flavia Correia
Redator(a)

Jornalista formada pela Unitau (Taubaté-SP), com Especialização em Gramática. Já foi assessora parlamentar, agente de licitações e freelancer da revista Veja e do antigo site OiLondres, na Inglaterra.