Pela primeira vez, cientistas conseguem escrever na água

Para escrever na água, os pesquisadores desenvolveram bolinhas muito pequenas que trocam íons com o meio deixando-o marcado
Por Mateus Dias, editado por Bruno Capozzi 19/09/2023 19h31, atualizada em 21/09/2023 21h20
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A escrita sistematizada surgiu por volta do ano 3500 anos a.C., na Mesopotâmia, mas antes disso, os humanos já deixavam registros em paredes de cavernas, as artes rupestres. Todas elas eram feitas em algum meio sólido, mas agora pesquisadores alemães conseguiram escrever na água.

As técnicas comuns de escrita consistem em fazer riscos em um meio que possui força molecular forte o suficiente para manter o formato desenhado fixo, e a água e outros líquidos não possuem toda essa força intramolecular.

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Escrevendo em fluidos

Escrever em meios não sólidos não é bem uma novidade, aviões já fazem isso deixando mensagens de fumaça no céu. O ar possui ainda menos força intramolecular que os líquidos, mas ainda sim é possível riscar ele. No entanto, escrever na água era algo ainda impossível de ser feito. 

Para escrever em fluidos é preciso que o objeto com que se está escrevendo seja pequeno o suficiente para não causar turbulências no fluido e a consequente dispersão das linhas. No caso dos aviões, eles são pequenos quando comparados ao céu e às letras escritas por eles, mas para a água essa “caneta” precisaria ser infinitamente menor. 

Para isso, os pesquisadores desenvolveram uma esfera com cerca de 20 a 50 micrômetros de diâmetro, tamanho que não causa nenhuma turbulência na água. Essas bolinhas minúsculas funcionam a partir de troca de íons, atraindo partículas de tinta por onde passam e consequentemente a deixando marcada. 

Uma das formas escritas na água se parece uma casa e possuía o tamanho do pingo de uma letra i em tamanho 18 (Credito: Möller et al./Small)

Movimentando o recipiente, os pesquisadores conseguiram escrever no líquido de forma contínua. Em um recipiente do tamanho de uma moeda foi possível desenhar uma figura semelhante a uma casa, mas com o tamanho do pingo de uma letra i.

Agora, os pesquisadores esperam aprimorar a técnica, fazendo com que seja possível fazer linhas de forma não contínua, através da ativação e desativação da troca de íons, e até mesmo apagar ou corrigir o que foi escrito.

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Redator(a)

Mateus Dias é estudante de jornalismo pela Universidade de São Paulo. Atualmente é redator de Ciência e Espaço do Olhar Digital

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.