Trechos de terra escura superfértil presentes no solo da Amazônia intrigaram pesquisadores e arqueólogos. A região é conhecida por ter um solo pobre em nutrientes devido ao acúmulo de água natural, que dificulta a plantação e o cultivo, mas a chamada “terra escura amazônica” é justamente o contrário. Novas pesquisas mostram que, na verdade, ela foi criada “a mão” por comunidades indígenas – e isso continua até hoje.

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Solo na Amazônia

O autor do estudo em questão, Taylor Perron, afirmou em um comunicado que a terra escura amazônica é cheia de nutrientes vitais, como carbono, fósforo e potássio. Essa é a razão pela qual comunidades teriam sucedido no cultivo de alimentos por lá, apesar da terra infértil.

Isso intrigou cientistas, afinal a terra não é característica da Amazônia. Como ela teria surgido, então? Alguns sugeriram que ela teria sido cultivada por indígenas. Outros, que ela teria sido formada como produto de outras práticas agrícolas na região.

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Indígenas Kuikuro cultivaram um jeito próprio de fertilizar o solo (Imagem: Rich Carey – Shutterstock)

Origem da terra escura amazônica

  • Para chegar à resposta certa, os pesquisadores viajaram ao Território Indígena Kuikuro, na Amazônia, onde a terra escura amazônica foi observada tanto antigamente como agora.
  • Por lá, eles observaram como os Kuikuro acumulavam grandes quantidades de resíduos orgânicos ricos em nutrientes, como restos da pesca e da agricultura de mandioca, em montes.
  • Passados alguns anos, esses montes eram compostados e viraram a terra escura amazônica. Então, ela é usada para plantar alimentos que exigem nutrientes que a terra “normal” da Amazônia não oferece.
  • Os indígenas se referiram a essa nova terra como “eegepe”.

Amazônia no passado

Os pesquisadores ainda quiseram determinar quanto tempo essa prática estava em vigor. Eles analisaram uma terra Kuikuro próxima para comparar a terra escura de lá com a atual, e descobriram que as amostras eram semelhantes. Algumas datava de 3 mil anos.

Tanto a terra escura amazônica atual como a antiga tem cerca de dez vezes mais nutrientes do que o solo regular da Amazônia, como fósforo, potássio, cálcio, magnésio, manganês e zinco.

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Além disso, esses nutrientes reduzem a presença de alumínio no solo, melhorando ainda mais a qualidade.

Método é usado há milênios até hoje (Imagem: PARALAXIS – Shutterstock)

Conclusão

A conclusão do estudo é que povos nativos do nosso país estão achando formas de atender suas necessidades, como driblar desafios da plantação de alimentos, por conta própria e, ao que tudo indica, vem cultivando terra fértil há milênios.

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