Após concluir suas tarefas primordiais, o rover indiano Pragyan, que chegou à Lua em agosto como parte da missão Chandrayaan-3, foi colocado em modo de suspensão no início deste mês, em uma tentativa de poupar a bateria durante a noite lunar (que tem duração aproximada de 14 dias na Terra).

Dois dias depois, o mesmo procedimento foi adotado em relação ao módulo de pouso Vikram, responsável por tornar a Índia o quarto país do mundo a conseguir tocar em solo lunar (entrando para um grupo seleto do qual fazem parte os EUA, a China e a Rússia – que, na época que pousou na Lua, ainda era União Soviética).

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A expectativa era de um despertar na última sexta-feira (22), quando voltou a ser dia na Lua. No entanto, de acordo com uma postagem feita pela Organização Indiana de Pesquisa Espacial (ISRO) no X (antigo Twitter), isso não aconteceu. É possível que ambos os equipamentos tenham desligado para sempre, já que eles não respondem às tentativas de contato.

“Foram feitos esforços para estabelecer comunicação com o módulo de pouso Vikram e o rover Pragyan para verificar sua condição de despertar”, diz a publicação. “Até o momento, nenhum sinal foi recebido deles”. Segundo a ISRO, novas tentativas ainda devem ser feitas para recuperar a missão. 

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“A menos que o transmissor do módulo de pouso seja ligado, não temos conectividade”, disse o diretor da ISRO, AlurSeelin Kiran Kumar, à BBC. “Tem que nos dizer que está vivo. Mesmo que todos os outros subsistemas funcionem, não temos como saber disso”.

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É possível que o frio extremo tenha contribuído para a situação. Durante a longa noite lunar, as temperaturas por lá podem chegar a -250ºC, o que pode danificar os instrumentos tanto do rover quanto do lander.

Índia foi o primeiro país do mundo a pousar no polo sul da Lua

Mesmo que os esforços para reanimar Pragyan e Vikram não alcancem o objetivo, a missão já é um marco histórico sem precedentes. Afinal, foi a primeira vez que uma espaçonave pousou no polo sul da Lua – uma região que se presume ser rica em gelo de água, recurso fundamental para as próximas expedições lunares humanas, seja para fins de subsistência dos astronautas, seja para produção de combustível para foguetes.

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Além disso, durante os 14 dias planejados para a missão, o rover detectou elementos como enxofre, alumínio, cálcio, ferro, cromo, titânio, manganês, silício e oxigênio em solo lunar. O enxofre é de particular interesse, pois poderia ser usado para fazer concreto.

O módulo de pouso Vikram, por sua vez, detectou abalos sísmicos sob a superfície, incluindo um evento possivelmente natural.

Com um custo de US$74,6 milhões (cerca de R$365 milhões), a missão atesta a ambição e o rápido desenvolvimento do programa espacial da Índia, que, na mesma semana do pouso lunar bem-sucedido, lançou o primeiro observatório solar do país.