Próxima formação de supercontinente vai acabar com a maioria dos mamíferos do mundo

A formação de um novo supercontinente vai acontecer nos próximos 250 milhões de anos e deixará a Terra praticamente inabitável aos mamíferos
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Lucas Soares 25/09/2023 15h20, atualizada em 27/09/2023 01h58
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Os continentes estão em constante movimentação. A formação de um novo supercontinente, por exemplo, está prevista para acontecer nos próximos 250 milhões de anos. O fenômeno, no entanto, trará consequências dramáticas para os mamíferos na Terra, segundo pesquisadores da Universidade de Bristol, na Inglaterra. O estudo foi publicado na revista Nature Geoscience.

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Terra ficará praticamente inabitável

  • Modelos preveem que o efeito estufa pode atingir um ponto de inflexão que tornará a maior parte do nosso planeta inabitável para os mamíferos.
  • Isso deve ocorrer justamente quando o próximo supercontinente se formar, o que está previsto para ocorrer nos próximos 250 milhões de anos.
  • Esse fenômeno tem sido chamado de Pangeia Próxima e faz parte da teoria da deriva continental.
  • As informações são da ScienceAlert.

Pangeia Próxima: o novo supercontinente

O último supercontinente da Terra, a Pangeia, surgiu há cerca de 310 milhões de anos e serve como base do entendimento atual de cientistas acerca da formação dessas enormes massas de terra. E foi justamente analisando este fenômeno antigo que os pesquisadores tentaram prever o que acontecerá com o clima no nosso planeta quando o próximo evento desta magnitude acontecer.

Os resultados sugerem que o calor ficará ainda mais extremo do que se previa. O Sol emitirá cerca de 2,5% mais radiação. Além disso, a formação de um supercontinente alterará drasticamente o sistema climático global, possivelmente secando enormes extensões de terra e retendo mais dióxido de carbono na atmosfera.

A formação e decadência da Pangeia Próxima limitará e… em última análise, acabar com a habitabilidade dos mamíferos terrestres na Terra, excedendo suas tolerâncias térmicas quentes, bilhões de anos antes do que se supunha anteriormente.

Pesquisadores da Universidade de Bristol, em estudo publicado na Nature Geoscience

Durante o tempo da primeira Pangeia, entre 334 milhões de anos atrás e 255 milhões de anos atrás, os níveis de dióxido de carbono atmosférico aumentaram de cerca de 200 partes por milhão para até 2.100 ppm. Isso gerou temperaturas em torno de 10 °C superiores a média global atual.

Os níveis atuais de dióxido de carbono atmosférico estão em torno de 416 ppm. Se, no futuro, o dióxido de carbono atmosférico ultrapassar os 560 ppm mais uma vez, mesmo que por apenas um século, isso pode levar a um evento de extinção em massa.

De acordo com o estudo, este cenário aconteceria justamente quando da formação da Pangeia Próxima. Projeções indicam que, no pior dos cenários, a temperatura média da Terra ficaria em torno dos 46,5 °C.

Temperatura média da Terra ficaria em torno dos 46,5 °C (Imagem: Farnsworth et al., Geociência da Natureza, 2023)

Maioria dos mamíferos será extinta

Os pesquisadores destacam que a grande maioria dos mamíferos não sobreviveria nessas condições. Eles destacam que as regiões dos trópicos se tornariam inabitáveis para os animais.

A projeção indica que apenas 8% do território da Terra no futuro continuaria possibilitando a existência de roedores noturnos escavadores e “mamíferos migratórios altamente especializados”. Mas mesmo os mamíferos que viajam pelo planeta enfrentarão condições perigosas à medida que desertos continentais se formarem, tornando a migração impraticável em porções vastas do território.

Embora não possamos descartar a adaptação evolutiva ao estresse térmico e frio, estudos recentes mostraram que os limites superiores de termotolerância dos mamíferos são conservados através do tempo geológico e não aumentaram durante eventos de aquecimento rápidos ou mais lentos passados.

Pesquisadores da Universidade de Bristol, em estudo publicado na Nature Geoscience
Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.