Combustíveis limpos: em 2050, acesso ainda será limitado

Projeção foi realizada com a ajuda da inteligência artificial e indica enorme dificuldades para o acesso a combustíveis limpos para cozinhar
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Bruno Capozzi 26/09/2023 15h27
Combustiveis-fosseis-1
Imagem: Lane V. Erickson/Shutterstock
Compartilhe esta matéria
Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Pesquisadores da Universidade de Loughborough, na Inglaterra, usaram a inteligência artificial para criar um modelo computacional que prevê cenários futuros relacionados ao uso de combustíveis limpos ou poluentes no preparo de refeições. O resultado é alarmante: mais de um bilhão de pessoas não terão acesso ao que a Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica como “cozinha limpa” até 2050.

Leia mais

Falta de acesso na África

  • Atualmente, cerca de 940 milhões de pessoas na África Subsaariana são obrigadas a cozinhar com combustíveis poluentes de biomassa, como carvão vegetal e madeira.
  • Isso representa um grande desafio no combate às mudanças climáticas.
  • Apesar do problema já ser enorme, ele deve se agravar, segundo a pesquisa publicada na revista Energy and AI.
  • As informações são da Tech Xplore.
Falta de acesso á combustíveis limpos para preparar refeições já é realidade (Imagem: Peter Gudella/Shutterstock)

Sem combustíveis limpos para cozinhar

O modelo computacional prevê que mais de 840 milhões de pessoas africanas não terão acesso a combustíveis ou tecnologias limpas para o preparo de refeições em 2030. O número aumentará para mais de 1,1 bilhão de pessoas até 2050.

Os pesquisadores apontam que a situação vai melhorar em algumas partes do continente africano, mas isso ficará restrito a menos de 20% da população em 16 países, em 2030, e para 18 países em 2050.

O modelo, treinado em conjuntos de dados holísticos e históricos de cada país, analisa tendências de crescimento populacional e fatores que influenciam a acessibilidade à “cozinha limpa”, como disponibilidade de eletricidade e acessibilidade.

A pesquisa também aponta que que a geração de eletricidade projetada para 2030 precisa triplicar para que os países da África Subsaariana atinjam a meta desejada de permitir que mais de 80% da população tenha acesso ao uso de combustíveis limpos na hora de preparar refeições. Para que esse objetivo seja alcançado, estima-se que seja necessário um investimento de US$ 14,5 trilhões, mais de R$ 72 trilhões.

As descobertas deste estudo evidenciam a necessidade de uma rápida mudança de paradigma nas ciências energéticas do mundo em desenvolvimento para abordar a pobreza energética. A lenta taxa de acesso à “cozinha limpa” causa desmatamento, perda de habitat, poluição interna, desigualdade, sustenta baixas atividades econômicas e causa cerca de 3,2 milhões de mortes por ano, incluindo mais de 237.000 mortes de crianças menores de cinco anos em 2020.

Mulako Mukelabai, pesquisador da Universidade de Loughborough
Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.