Ondas gravitacionais: quão poderosa é essa intrigante força do espaço?

Sabemos um pouco sobre a importância das ondas gravitacionais, e o porquê é difícil medi-las. Entenda melhor a força que elas possuem!
Por Camila Oliveira, editado por Bruno Ignacio de Lima 28/09/2023 13h00, atualizada em 09/10/2023 01h03
Ilustração mostra a fusão de dois buracos negros
Imagem: Jurik Peter/Shutterstock
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Constantemente ondulando pelo universo, as ondas gravitacionais são provenientes, principalmente, de pares de buracos negros que se fundem. Muitas delas chegam na Terra, mas, na maioria das vezes, são tão fracas que mal são perceptíveis.

Recentemente, porém, surgiu um questionamento: seria possível que essas ondas gravitacionais causem grandes impactos, como mover planetas no espaço, ou até mesmo afetar a Terra?

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Um episódio do podcast “Dead Planets Society”, apresentado por Chelsea Whyte e Leah Crane, trouxe a discussão sobre o poder dessas ondas se elas fossem amplificadas.

Quão poderosas são as ondas gravitacionais?

O especialista do LIGO (Observatório de Ondas Gravitacionais por Interferômetro Laser), Christopher Berry, participou do debate, esclarecendo que, ainda que estas ondas sejam geralmente minúsculas, ao se aproximar de sua fonte, como um buraco negro em fusão, elas poderiam ter um efeito muito mais pronunciado. A discussão traz à tona questões intrigantes sobre manipulação cósmica e as capacidades da física do espaço-tempo.

Berry ainda revela um fato impressionante: no exato momento em que dois buracos negros se fundem, eles emitem uma quantidade de energia em ondas gravitacionais que é superior à luminosidade de todas as estrelas do universo visível combinadas.

Contudo, as complexidades do espaço-tempo próximos a tais fontes tornam desafiadora a distinção entre a onda e a gravidade subjacente. Por isso, se estivéssemos próximos o suficiente de uma fonte de ondas gravitacionais, como dois buracos negros em fusão, os efeitos seriam totalmente perceptíveis, podengo gerar alongamentos e compressões de até 100%.

Imagem: Getty Images

Há ainda, além dessa discussão, um estudo inédito que ainda aguarda revisão por pares, abordando um território ainda não explorado sobre as ondas gravitacionais.

Frans Pretorius, da Universidade de Princeton, e William East, do Perimeter Institute for Theoretical Physics, investigaram o que aconteceria caso duas ondas gravitacionais planas (diferentes das ondas esféricas geradas por colisões de objetos como estrelas de nêutrons) se encontrassem. Parecidas com maremotos, estas ondas planas são geradas por objetos movendo-se à velocidade da luz.

Em entrevista à New Scientist, Pretorius explica: “Quando duas dessas ondas colidem com alta energia, o espaço-tempo se curva intensamente, levando à formação de um buraco negro”. Foi constatado, em simulações, que cerca de 85% da energia destas ondas poderia ser convertida em um buraco negro, enquanto os 15% restantes seriam emitidos como ondas gravitacionais esféricas mais fracas.

O poder necessário para gerar essas ondas supera em muito o que já foi observado. Instalações como LIGO e VIRGO detectam ondas gravitacionais que comprimem o espaço-tempo em uma fração de átomo, as ondas capazes de criar um buraco negro podem ser tão intensas a ponto de alterar o espaço-tempo em quilômetros.

Camila Oliveira
Colaboração para o Olhar Digital

Camila Oliveira é jornalista desde 2012. Curiosa e inquieta, já passou por diversas editorias e também trabalhou em outras áreas. Hoje é colaboradora do Olhar Digital e escreve sobre o que mais gosta.

Bruno Ignacio é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Com 10 anos de experiência, é especialista na cobertura de tecnologia. Atualmente, é editor de Dicas e Tutoriais no Olhar Digital.