O recente artigo ‘What if we could just ask AI to be less biased?’ (E se pudéssemos pedir para a Inteligência Artificial ser menos tendenciosa?), assinado pela jornalista Melissa Heikkilä, para o MIT Technology Review, foi um dos temas que mais me despertou à atenção nos últimos tempos.

Construídos e alimentados principalmente por empresas dos EUA, o universo da Inteligência Artificial carrega a identidade fenotípica de pessoas e objetos que pareçam americanas. Para exemplificar o que estamos falando (e ampliando a discussão), segundo Heikkilä, quando a inteligência DALL-E 2 descreve ‘CEO’ ou ‘Diretor’, 97% das vezes os resultados apresentam como resposta homens brancos.

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Entendendo que a intervenção humana tem interferência direta na concepção dos algoritmos, é basilar pensar a diversidade desde a sua concepção, partindo do questionamento sobre quais atores estão responsáveis pela inteligência por trás do artificial.

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Mais do que questionar a qualidade, efetividade e eficácia da IA, é importante provocar a base estrutural – assim como deve ser na política, educação, economia e cultura –, indo na ‘raiz da causa’ e reparando efeitos incoerentes.

Entendendo um pouco mais do que alimenta/constrói esse cenário, dados do YouGov Global Profiles concluíram que 66% dos profissionais que atuam nas áreas de TI e telecomunicações, são homens. De acordo com os números do PNAD, no Brasil, apenas 20% dos profissionais da área são mulheres.

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Reconhecendo que aqui estamos restritos a gênero, quando recortamos para aspectos étnico-raciais, socioculturais, geográfico, físicos e de orientação social, o problema é mais complexo — ainda mais se unirmos características diversas entre essas aqui listadas.

Discussão desnecessária para uns, mas indispensável para uma sociedade saudável, submergir da superficialidade e entender fatores tecnológicos que influenciam na equidade e inclusão, é um pilar para os cientistas sociais responsáveis pelo desenvolvimento dos mais diversos avanços da humanidade.

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Como forma rápida (e provisória) de solução aos problemas de enviesamento dos resultados, Melissa Heikkilä destaca algumas ferramentas de ajuste da Inteligência Artificial. Ou seja, conforme provocamos o status quo, hackeamos o sistema em busca de soluções mais rápidas e inclusivas, deixando dois questionamentos: enquanto a mudança basilar não ocorre, essas ferramentas já devem nascer com o sistema? E até quando isso deve durar, sem que pareça conformismo socioeconômico-tecnológico?