Brilho de colisão planetária é observado pela primeira vez 

A colisão planetária aconteceu com dois gigantes gelados, como Urano e Netuno, e provavelmente formou um novo mundo
Por Mateus Dias, editado por Lucas Soares 16/10/2023 10h59
Ilustração artística da colisão planetária (Crédito: Mark Garlick)
Ilustração artística da colisão planetária (Crédito: Mark Garlick)
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Em dezembro de 2021 a estrela 2MASS J08152329-3859234 se tornou mais fraca quando observada com telescópios de luz visível, mas ao mesmo tempo foi percebido que sua radiação em infravermelho aumentou. Agora, pesquisadores descobriram que esses eventos se deram em decorrência de uma colisão planetária.

Depois que a estrela perdeu parte do seu brilho visível, ela passou a ser observada regularmente por outros telescópios no mundo todo e foi renomeada como ASASSN-21qj. Foi aí que astrônomos perceberam que novecentos dias antes do escurecimento óptico ela se tornou mais brilhante em comprimentos de onda infravermelhos.

  • A combinação desses dois eventos indica que uma nuvem de poeira surgiu pelos arredores da estrela, provavelmente resultado de uma colisão planetária. 
  • No início a nuvem não era visível, mas a radiação da ASASSN-21qj a aqueceu a temperaturas próximas de 750° C, fazendo-a brilhar em infravermelho. 
  • Eventualmente, ela passou no nosso campo de visão e bloqueou o brilho da estrela, cerca de 100 dias depois a nuvem começou a diminuir a radiação infravermelha, o que acredita-se ser uma coincidência.

A partir da análise da quantidade de poeira em torno da ASASSN-21qj, foi estimado que os planetas que colidiram eram maiores que a Terra, provavelmente gigantes de gelo como Urano e Netuno. Os objetos encontravam-se entre  2 e 16 unidades astronômicas da estrela, equivalendo a uma distância pouco além da órbita de Marte até Urano no Sistema Solar.

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Novo mundo

Simulações da formação de um corpo pós-impacto. (Crédito: Kenworthy, M., Lock, S., Kennedy, G. 
et al.)

A poeira provavelmente se espalhará pela órbita da estrela, mas aproximadamente 99% do material que compunha os dois planetas se juntou para formar um novo mundo, que está inchado devido ao calor da colisão planetária. Além disso, a massa restante em torno do planeta pode se condensar para formar luas.

A ASASSN-21qj é uma estrela jovem, com cerca de 300 milhões de anos, no entanto, seu período de formação planetária inicial já se passou. Mais informações são necessárias para entender a composição dos planetas envolvidos na colisão e como o novo mundo se formou, mas acredita-se que o sistema estelar esteja passando por um Bombardeio Pesado Tardio. 

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Redator(a)

Mateus Dias é estudante de jornalismo pela Universidade de São Paulo. Atualmente é redator de Ciência e Espaço do Olhar Digital

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.