Pela primeira vez, a inteligência artificial conseguiu identificar, confirmar e classificar uma supernova — objeto celeste originado após a explosão de uma estrela — sem qualquer intervenção humana.

O sistema, nomeado de Bright Transient Survey Bot (BTSbot), foi desenvolvido em colaboração internacional liderada pela Northwestern University e obteve sucesso ao identificar uma explosão cósmica no início de outubro.

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Sistema de IA automatizou a busca e classificação da supernova

  • Para que a tecnologia funcionasse, os cientistas treinaram o algoritmo de aprendizado de máquina com mais de 1,4 milhão de imagens históricas de aproximadamente 16.000 fontes;
  • Esses dados incluem supernovas, estrelas em chamas temporárias, estrelas periodicamente variáveis e galáxias em chamas, conforme explica a publicação da universidade de Northwestern;
  • Além do BTSbot, o SNIascore (outra ferramenta de IA) colaborou com a descoberta, classificando o tipo da supernova; 
  • Os pesquisadores avaliam que o sistema de IA automatizou a busca por supernovas, podendo realizar todo o processo de descoberta das explosões estelares.

Os testes do BTSbot se iniciaram com o sistema analisando dados da Zwicky Transient Facility (ZTF), tecnologia de pesquisa do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech) que conta com uma câmera robótica para analisar o céu noturno em busca de supernovas.

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Então, em 5 de outubro, a tecnologia conseguiu identificar a explosão estelar SN2023tyk e enviou os dados para o telescópio robótico SED Machine do Observatório Palomar, que analisou as informações do BTSbot. 

Na sequência, as informações foram transferidas para o SNIascore, outro sistema de IA da Caltech que conseguiu determinar o tipo de supernova. O resultado definiu que a SN2023tyk se originou de uma “explosão termonuclear de uma [estrela] anã branca ou o colapso do núcleo de uma estrela massiva”.

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Supenova é identificada por IA
Supernova SN2023tyk identificada pelo sistema de inteligência artificial. (Imagem: Reprodução/ Universidade Northwestern)

Alcançamos a primeira detecção, identificação e classificação totalmente automática de uma supernova no mundo. Isto agiliza significativamente grandes estudos sobre supernovas, ajudando-nos a compreender melhor os ciclos de vida das estrelas e a origem dos elementos criados pelas supernovas, como carbono, ferro e ouro.

Nabeel Rehemtulla da Northwestern, que co-liderou o desenvolvimento da tecnologia.

Como observa Adam Miller, professor da Northwestern que liderou o projeto, a tecnologia permite que os astrônomos possam agilizar e garantir mais eficácia ao processo de descoberta de supernovas. Dessa forma, o sistema pode liberar os astrônomos para se concentrarem na interpretação de dados e estudos de informações importantes sobre a evolução de estrelas e galáxias.

Pela primeira vez, uma série de robôs e algoritmos de IA observaram, depois identificaram e depois comunicaram com outro telescópio para finalmente confirmar a descoberta de uma supernova.

Isto representa um importante passo em frente, pois o refinamento dos modelos permitirá aos robôs isolar subtipos específicos de explosões estelares. Em última análise, remover os humanos do circuito proporciona mais tempo para a equipa de investigação analisar as suas observações e desenvolver novas hipóteses para explicar a origem das explosões cósmicas que observamos.

Adam Miller, astrônomo e professor da Northwestern.