Jornais globais negociam com OpenAI pagamento por textos usados pelo ChatGPT

Alguns jornais, como The New York Times e Reuters, já tinham bloqueado o ChatGPT e a OpenAI de usarem seus conteúdos para treinar IA
Por Vitoria Lopes Gomez, editado por Ana Luiza Figueiredo 21/10/2023 05h46
Pessoa olhando para home do site do jornal The New York Times num computador
Imagem: Karen Bleier/AFP/Getty Images
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Grandes jornais do mundo querem que a OpenAI pague pelos textos jornalísticos usados pelo ChatGPT. Há anos, a empresa (e outras) vem usando produções desses sites para alimentar e treinar o software de inteligência artificial. À medida que esse negócio cresce e pode virar uma indústria trilionária em breve, as organizações jornalísticas querem receber sua parte disso.

Leia mais:

Jornais vs. ChatGPT

  • Não é segredo que a OpenAI e outras empresas de IA usaram dados disponíveis na internet para treinar seus softwares.
  • Conforme isso se popularizou e os jornais não receberam compensação por esse uso, muitos – incluindo o The New York Times, a Reuters e o The Washington Post – passaram a usar bloqueadores, impedindo o ChatGPT de acessar seus conteúdos.
  • Agora, as empresas jornalísticas estão dispostas a permitir que o chatbot use seus conteúdos – mediante pagamento. De acordo com o The Washington Post, esses jornais estão negociando com a OpenAI para que o software referencie seus links nas conversas com usuários.
  • Uma fonte familiarizada com a negociação falou ao TWP em condição de anonimato e disse que as organizações também negociam a possibilidade do uso dos textos para treinamento da IA, mas esse não é o tópico principal por ora.
  • Um dos exemplos de organização jornalística que já fez isso foi a Associated Press. A agência de notícias fechou com a OpenAI em julho para permitir o uso dos conteúdos no treinamento da IA.
Jornais da imprensa dos EUA enrolados um do lado do outro
(Imagem: Photosani/Fotolia)

O que os jornais ganham com isso?

Para os jornais que negociam com a OpenAI, a medida, se for para frente, pode beneficiá-las de duas maneiras. A primeira é que forneceria pagamento direto para os textos produzidos e a segunda é que, potencialmente, aumentaria o tráfego dos seus respectivos websites, uma vez que o ChatGPT os usaria como fonte em uma conversa.

Já para o chatbot, pode dar mais credibilidade às respostas, uma vez que a tecnologia já foi acusada algumas vezes de mentir e inventar fontes.

O que isso significa para o ChatGPT e para a indústria de IA?

Além de ganhar mais autoridade nas respostas, o ChatGPT pode driblar acusações de violações de direitos autorais, ao mesmo tempo que se une a empresas importantes.

O Reddit é um dos que considera bloquear o chatbot se não chegar a um acordo sobre o pagamento dos dados usados para treinamento da IA.

O X/Twitter fez algo ainda mais ousado. Em abril, Elon Musk, dono e ex-CEO da plataforma, começou a cobra US$ 42 mil pelo acesso das postagens do software na plataforma, alegando que as empresas de IA estavam usando conteúdos de forma ilegal para treinar IA.

Ícone do ChatGPT num iPhone
(Imagem: Tada Images/Shutterstock)

Outras empresas também tomaram medidas ou fizeram acusações semelhantes. Já outras alegam que a OpenAI violou direitos autorais dos detentores dos textos, obras visuais ou outro conteúdos usados no treinamento.

Agora, com a negociação dos jornais, a companhia pode voltar a ter acesso a uma parcela significativa de dados na internet. Um porta-voz da empresa, inclusive, confirmou que as negociações estão acontecendo e que não se concentraram em dados de treinamento anteriores, que argumenta terem sido obtidos legalmente. 

Nenhuma das práticas da empresa violou a lei de direitos autorais. Qualquer acordo seria para acesso futuro ao conteúdo que de outra forma seria inacessível.

Porta-voz da OpenAI, ao The Washington Post

Vitória Lopes Gomez é jornalista formada pela UNESP e redatora no Olhar Digital.

Ana Luiza Figueiredo é repórter do Olhar Digital. Formada em Jornalismo pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), foi Roteirista na Blues Content, criando conteúdos para TV e internet.