Por muitos anos, cientistas concordam que q Lua surgiu há mais de 4 bilhões de anos, oriunda de destroços de um objeto gigante que eventualmente colidiu com a Terra. Pois bem, uma descoberta recente pode alongar essa linha do tempo.

O que aconteceu

  • Um novo estudo aponta que a Lua se formou pelo menos 40 milhões de anos antes do que pensávamos.
  • É o que sugere a idade de um cristal lunar antigo recolhido por astronautas da Apollo 17.
  • Uma análise detalhada do objeto aponta que a “lua derretida” se solidificou há 4,46 bilhões de anos.
  • “Esta é a idade mais avançada descoberta até hoje”, diz Jennika Greer, cosmoquímica da Universidade de Glasgow que participou da pesquisa.

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A origem da Lua

Apesar de muitos estudos, cientistas ainda encontram inconsistências na origem da Lua. A reanálise das amostras pode desempenhar um papel fundamental no avanço do conhecimento.

  • A teoria mais recente diz que quando a Lua se uniu estava coberta por um oceano de magma. 
  • Cristais lunares de zircão começaram a se formar assim que o oceano de magma esfriou e solidificou. 
  • Estes cristais funcionam como relógios cósmicos e absorvem urânio radioativo, que se decompõe em chumbo com o tempo. 
  • Ao comparar as proporções de chumbo e urânio, os cientistas podem estimar a sua idade (e a possível idade da Lua).
Lua
Imagem: taffpixture/Shutterstock

Em 2021, uma equipe de cosmoquímicos também publicou um artigo mostrando que cristais embutidos em uma rocha lunar da Apollo 17 podem ser os mais antigos já descobertos, com 4,46 bilhões de anos. Mas com ressalvas.

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Os pesquisadores não tinham certeza se a datação estava correta, já que o chumbo pode se mover nos cristais de zircão e ficar preso em “cachos”. Isso significa que quando os investigadores medem a sua proporção, podem contá-la em excesso, resultado em uma data imprecisa.

Novo método de datação do cristal lunar

Para contornar o problema, o estudo atual usou uma técnica de verificação de idade chamada tomografia por sonda atômica, mais comum no ramo de semicondutores.

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Com essa técnica, Greer e a equipe de cientistas conseguiram colher amostras de uma pequena lasca de um dos cristais e usar um feixe de laser para evaporar os átomos de chumbo um por um. Curiosamente, o resultado foi o mesmo: 4,46 bilhões de anos.

Este novo estudo mostra que alguns desses zircões se formaram há 4,46 bilhões de anos, apenas cerca de 100 milhões de anos após a formação dos primeiros sólidos no Sistema Solar

Romain Tartèse, professor sênior de Ciências da Terra e Ambientais da Universidade de Manchester

No fim, outro problema enfrentado por cientistas lunares é que algumas amostras analisadas têm idades separadas por 100 milhões de anos. Enquanto a nova descoberta sugere que o oceano de magma cristalizou há 4,46 bilhões de anos, outras rochas lunar são datadas de 4,35 bilhões de anos — uma diferença de mais de 100 de milhões de anos.

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Uma possibilidade é a ocorrência de eventos secundários após a formação da Lua, como impactos posteriores que poderiam ter aquecido rochas mais jovens. É esperado que missões recentes tragam amostras de locais diferentes para esclarecer dúvidas que ainda restam.

O estudo foi notícia no The Washington Post e publicado na revista Geochemical Perspectives Letters.