A desinformação tomou conta das redes sociais após o início da guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas. Um estudo da NewsGuard, que analisa esse tipo de postagens, apontou que 74% das publicações no X, antigo Twitter, com conteúdos falsos sobre o conflito vieram de contas verificadas na plataforma.

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A pesquisa selecionou dez assuntos falsos relacionados à guerra no Oriente Médio e analisou as 250 publicações que tiveram maior engajamento na rede social ao promover pelo menos um deles. Foram consideradas apenas postagens feitas entre os dias 7 e 14 de outubro, primeira semana após o início dos combates.

Segundo a NewsGuard, 186 das 250 postagens (74%) foram enviadas por perfis verificados, aqueles que possuem o selo azul a partir do pagamento de uma assinatura do X Premium (o antigo Twitter Blue). Esses conteúdos falsos alcançaram mais de 1,3 milhão de interações e foram vistos por mais de 100 milhões de pessoas na rede social.

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O relatório observa que notícias falsas sobre a guerra também circulam em plataformas, caso do FacebookInstagram e TikTok, por exemplo. No entanto, a maioria das fake news ganham espaço no X antes de aparecerem em outras redes sociais. A empresa alega que isso pode ser explicado pelo fato da companhia de Elon Musk ter reduzido os esforços para moderar o conteúdo no ar.

A NewsGuard ainda destacou que as notas da comunidade, recurso que funciona como uma checagem de fatos feita pelos próprios usuários da rede para indicar notícias falsas, só aparecem em 79 das 250 publicações falsas, ou apenas 32% do total.

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Principais fake news propagadas no X:

  • Ucrânia teria vendido armas ao Hamas
  • Israel teria matado 33 mil crianças palestinas desde 2008
  • Vídeo com crianças palestinas e israelenses em jaulas
  • Vídeo com oficiais de Israel capturados pelo Hamas
  • Igreja ortodoxa em Gaza teria sido destruída por bombardeio de Israel
  • Vídeo com integrantes do Hamas comemorando a captura de uma criança israelense
  • Vídeo de uma equipe de notícias sob ataque em Israel
  • Documento da Casa Branca informando que os EUA teriam aprovado ajuda de US$ 8 bilhões a Israel
  • Vídeo de Israel mostrando a morte de uma criança pelo Hamas
  • Ataque dos terroristas teria sido, na verdade, feito por Israel ou pelo próprio ocidente
Ataques em Gaza (Imagem: Anas-Mohammed/Shutterstock)

Guerra Israel-Hamas nas redes sociais

Após o início da guerra, a Comissão Europeia cobrou o X sobre “a disseminação de conteúdo terrorista e violento e discurso de ódio”. Em resposta, a CEO da rede social, Linda Yaccarino, confirmou que muitas publicações foram apagadas e a empresa estabeleceu um “grupo de liderança” para acompanhar a situação.

Apesar do Hamas ser banido das redes sociais, desde o início do conflito no Oriente Médio, no dia 7 de outubro, diversas contas favoráveis ao grupo terrorista ganharam centenas de milhares de seguidores. Além disso, diversas postagens com imagens dos ataques ou difundindo ideias extremistas se propagaram pela internet.

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Segundo analistas, a mais recente guerra escancarou, mais uma vez, os desafios das empresas de tecnologia no sentido de minimizar a disseminação de conteúdo falso ou extremista. Em conflitos passados, as redes sociais foram fortemente criticadas por não agir contra a propagação desses conteúdos ou até mesmo por ser excessivamente zelosas, impedindo a circulação até mesmo de informações verdadeiras.

Enquanto conteúdos abertamente pró-terrorismo circulam nas redes, há milhares de relatos de postagens que não faziam qualquer apologia ao Hamas, apenas defendendo a criação de um Estado Palestino, e que foram simplesmente tiradas do ar.