Israel x Hamas: contas recomendadas por Elon Musk espalham desinformação

Investigação descobriu quem são os donos das contas recomendadas por Musk e que espalham desinformação sobre a guerra entre Israel e Hamas
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Bruno Capozzi 27/10/2023 14h33
Silhueta de Elon Musk com logotipo do X, antigo Twitter, ao fundo
(Imagem: kovop/Shutterstock)
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Diversas autoridades já alertaram para a desinformação promovida por postagens nas redes sociais sobre a guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas. Até mesmo o dono do X, antigo Twitter, acabou difundindo informações falsas sobre o conflito. Elon Musk recomendou que usuários seguissem duas contas que notoriamente são conhecidas por difundir fake news. Os donos desses perfis são um adolescente e um ex-membro do exército dos Estados Unidos.

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A conta comandada pelo adolescente do sudoeste de Londres tem um longo histórico de postagens falsas. Ela recebeu milhares de novos seguidores após Musk recomendar o perfil.

Já a outra conta foi identificada por uma empresa de pesquisa como pertencente a um membro das Forças Armadas dos Estados Unidos da Geórgia.

Ambos os perfis espalharam informações falsas, tendo, inclusive, divulgado um relatório inexistente sobre uma explosão no Pentágono recentemente.

Musk chegou a apagar a postagem que recomendava as contas e disse: “Como sempre, por favor, tente ficar o mais perto possível da verdade, mesmo para coisas que você não gosta”. As informações são do The Washington Post.

Guerra em Gaza (Imagem: Anas-Mohammed/Shutterstock)

Dificuldades para combater a desinformação

  • Um estudo da NewsGuard, apontou que 74% das publicações com conteúdos falsos sobre o conflito vieram de contas verificadas no X.
  • Mas ela não é a única empresa que tem sofrido pressão por não combater a desinformação sobre a guerra no Oriente Médio.
  • Nos últimos dias, a Comissão Europeia solicitou formalmente informações à Meta e ao TikTok sobre como as redes sociais estão lidando com o conteúdo que viola as políticas do bloco e a desinformação relacionados ao conflito.
  • A investigação faz parte da recém promulgada Lei de Serviços Digitais (DSA) da União Europeia (UE), que responsabiliza legalmente as plataformas pelos conteúdos postados nelas.
  • Já o Telegram decidiu bloquear o acesso a uma conta oficial das Brigadas Al-Qassam, a ala militar do Hamas.

Guerra Israel-Hamas e as redes sociais

Apesar do Hamas ser banido das redes sociais, desde o início do conflito no Oriente Médio, diversas contas favoráveis ao grupo terrorista ganharam centenas de milhares de seguidores. Além disso, diversas postagens com imagens dos ataques ou difundindo ideias extremistas se propagaram pela internet.

Segundo analistas, a mais recente guerra escancarou, mais uma vez, os desafios das empresas de tecnologia no sentido de minimizar a disseminação de conteúdo falso ou extremista. Em conflitos passados, as redes sociais foram fortemente criticadas por não agir contra a propagação desses conteúdos ou até mesmo por ser excessivamente zelosas, impedindo a circulação até mesmo de informações verdadeiras.

Enquanto conteúdos abertamente pró-terrorismo circulam nas redes, há milhares de relatos de postagens que não faziam qualquer apologia ao Hamas, apenas defendendo a criação de um Estado Palestino, e que foram simplesmente tiradas do ar.

Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.